Este ano fica marcado por vários momentos relevantes e que afectam o futuro:
- A Primavera Árabe, com impacto directo na Tunísia, Líbia e Egipto, e contágio a Marrocos, Jordânia e Síria. Veremos se o aproximar de Fatah e Hamas, na Palestina, no ano em que foi apresentado o pedido de reconhecimento do Estado palestiniano na ONU, se deveu a esta onda que varreu e mexeu com parte do mundo muçulmano e árabe.
- O desastre de Fukushima, que colocou em xeque, em todo o mundo, o investimento no poder nuclear.
- O atentado letal de Breivik, na Noruega.
- O escândalo de escutas do grupo Murdoch, no Reino Unido, que obriga a repensar o poder e influência dos magnatas da comunicação social.
- A chegada de Dilma Rousseff ao poder do Brasil, país que passou, no final de 2011, a ser classificado como a 6ª maior economia mundial.
- A decadência europeia, com a falta de entendimento dos Estados europeus, quanto à saída da crise e o peso da dívida soberana a arrastar vários países (Grécia, Irlanda, Portugal, Espanha, Itália).
- As mortes de Bin Laden e Kadafi.
- A ameaça do corte do rating aos EUA.
- A saída dos militares dos EUA do Iraque.
- O abalar, pela primeira vez, do regime de Putin na Rússia.
- O avanço no descobrimento de tratamentos da SIDA e de vários tipos de cancro.
- A morte de Steve Jobs.
Amanhã, destaca-se o ano muito esperado e de grande mudança, 2012, em todo o mundo.
Precisamos de uma nova sabedoria dos limites e uma inteligência para entendê-los como uma oportunidade para levar a cabo uma política em que voltemos a combinar efectividade e democracia. Daniel Innenarity
sábado, 31 de dezembro de 2011
Nada de novo de Pyongyang
Pyongyang se mantiene firme en su régimen. Corea del Norte avisó hoy, a través de un comunicado emitido por su Comisión de Defensa Nacional, que ni "los necios políticos de todo el mundo" ni las "marionetas" de Corea del Sur deben esperar cambios políticos en la nueva era de Kim Jong Un.
Nada de novo de Pyongyang, quando, na verdade, a decisão do regime mudar ou não vem de Pequim. Enquanto a torneira chinesa jorrar para a Coreia do Norte, o regime continuará.
O Governo húngaro continua a rasgar a Democracia
La Hongrie adopte des lois controversées et s'isole un peu plus en Europe
O Governo magiar, liderado por Viktor Orban, continua o seu caminho rumo à limitação da Liberdade e Direitos na Hungria.
Tendo uma condição única no quadro da UE, pois goza da condição de ter mais de dois terços dos parlamentares eleitos afectos ao seu partido, o Fidesz, Orban não se envergonha de implementar medidas que envergonham qualquer país que se assume comprometido com o Respeito e a Dignidade, em Democracia.
Se a isto associarmos um partido de extrema-direita, neo-nazi, o Jobbik, que surge, nestes tempos, como uma das formações mais credíveis aos olhos de parte da sociedade e tem uma presença forte no país, fazendo da expansão da Hungria às fronteiras de outros séculos uma bandeira, causa que também é cara a Orban, estão reunidas as condições para a irresponsabilidade e a eliminação de adversários se concretize.
A UE já sabe com o que conta na Hungria e, o facto da Hungria estar na UE ainda vai colocando alguns travões às ambições do nacionalismo húngaro, mas é tempo de, na UE, se começar a defender a Liberdade e os Direitos dos húngaros.
Pouco mais de duas décadas passadas do fim do regime comunista, emerge um rumo nacionalista, perigoso para o futuro da Hungria e da UE.
O Governo magiar, liderado por Viktor Orban, continua o seu caminho rumo à limitação da Liberdade e Direitos na Hungria.
Tendo uma condição única no quadro da UE, pois goza da condição de ter mais de dois terços dos parlamentares eleitos afectos ao seu partido, o Fidesz, Orban não se envergonha de implementar medidas que envergonham qualquer país que se assume comprometido com o Respeito e a Dignidade, em Democracia.
Se a isto associarmos um partido de extrema-direita, neo-nazi, o Jobbik, que surge, nestes tempos, como uma das formações mais credíveis aos olhos de parte da sociedade e tem uma presença forte no país, fazendo da expansão da Hungria às fronteiras de outros séculos uma bandeira, causa que também é cara a Orban, estão reunidas as condições para a irresponsabilidade e a eliminação de adversários se concretize.
A UE já sabe com o que conta na Hungria e, o facto da Hungria estar na UE ainda vai colocando alguns travões às ambições do nacionalismo húngaro, mas é tempo de, na UE, se começar a defender a Liberdade e os Direitos dos húngaros.
Pouco mais de duas décadas passadas do fim do regime comunista, emerge um rumo nacionalista, perigoso para o futuro da Hungria e da UE.
sexta-feira, 30 de dezembro de 2011
O observador à medida do regime sírio
Mustafa Dabi é o líder da delegação da Liga Árabe à Síria, neste momento em que o extremar de posições, em especial pelo carregar sem piedade do regime aumenta.
Al-Assad não poderia ter melhor enviado do que este homem de mão do Presidente sudanês, Omar Al-Bashir.
Dabi foi chefe dos serviços secretos, internos e externos, do Sudão e tem uma bela folha de serviços em questões humanitárias, em especial no Darfur, onde está associado às maiores atrocidades.
Segundo a Foreing Office trata-se do pior "observador dos Direitos Humanos no mundo".
Al-Assad não poderia ter melhor enviado do que este homem de mão do Presidente sudanês, Omar Al-Bashir.
Dabi foi chefe dos serviços secretos, internos e externos, do Sudão e tem uma bela folha de serviços em questões humanitárias, em especial no Darfur, onde está associado às maiores atrocidades.
Segundo a Foreing Office trata-se do pior "observador dos Direitos Humanos no mundo".
Tristes palavras
A Presidente da Assembleia da República teve uma abordagem muito infeliz, a propósito desta interrupção dos trabalhos na Assembleia da República. Então os deputados param "para compensar" o que trabalharam?
Aos políticos exige-se rigor e aos representantes da Nação, que têm assento na Casa da Democracia, exige-se cumprimento do seu dever.
Assunção Esteves devia, por momentos, pensar em que condições vivem e trabalham muitos portugueses, antes de dizer um dislate.
É por estas e por outras que se desacredita a já de si mal tratada Política. Exige-se mais, muito mais, à segunda figura do Estado português. Mas não deixa de ser um sinal do estado destes tempos em que vivemos e deste poder, insensível e distante da vida dos portugueses.
PSOE: entre a experiência e o futuro
Depois de ter perdido cerca de quatro milhões de votos, em 20 de Novembro de 2011, quando comparados os resultados com as legislativas espanholas de 2008, o PSOE entra num processo interno de escolha do sucessor de José Luís Rodriguez Zapatero e esta corrida interna promete qualidade.
Hoje, o candidato à Moncloa que perdeu com Rajoy, e um dos grandes Ministros dos anteriores Governos, Alfredo Pérez Rubalcaba, apresentou a sua candidatura à liderança, que se disputa no Congresso de Sevilha, no início de Fevereiro de 2012. Esta era uma incógnita, se depois da pesada derrota de Novembro, o homem que deu a cara pelos socialistas se apresentaria à liderança do partido (refira-se que Rubalcaba foi o candidato, mas a liderança do PSOE continuou a ser de Zapatero). Há poucos dias as dúvidas foram dissipadas e, hoje, na sede da UGT, em Madrid, Rubalcaba assumiu a sua candidatura.
Por outro lado, a esperada candidatura, ainda não assumida, de outra governante de Zapatero, Carme Chacón, já anda por terras espanholas, a apresentar a causa: mucho PSOE para hacer.
A escolha é dos socialistas espanhóis e uma medida é consensual nesta corrida: ambos defendem que a partir de agora os candidatos do PSOE devem ser escolhidos através de directas, isto é, filiados e cidadãos têm direito a voto e elegem o candidato do partido, à imagem da escolha do candidato socialista à presidência de França. Um debate que também se gerou no PS português, na recente eleição do Secretário-Geral, entre António José Seguro e Francisco Assis.
O debate começa a aquecer e já há contributos válidos, como este Un PSOE nuevo con los valores de siempre, de José Martínez Olmos, ou esta plataforma, merecedora de atenção, criada por militantes, Bases en Red.
Não menos irrelevante para esta eleição é o facto das eleições para o Governo andaluz, em Março, que obriga os candidatos, no combate interno, a uma preocupação de contribuírem para a vitória dos socialistas no derradeiro bastião socialista em Espanha (a esmagadora maioria das comunidades autónomas em Espanha são lideradas pelo PP e o PSOE, actualmente, só lidera na Andaluzia, desde sempre, e no País Basco). Não é por acaso que o Congresso é em Sevilha, assim como o PP fará, poucos dias depois, também na capital andaluz, o seu Congresso, no que será um grande combate, entre a vontade de querer manter o poder e, ao mesmo tempo, dar sinais de recuperação (o PSOE) e de quem quer consolidar o poder em todo o país (o PP).
A seguir esta escolha do PSOE.
quinta-feira, 29 de dezembro de 2011
La era de los límites
A principios de los años noventa, el entonces líder de los socialdemócratas alemanes, Rudolf Scharping, visitaba a Ulrich Beck en su casa junto al lago Starnberg, al pie de los Alpes bávaros. El tema de la conversación era la sociedad del riesgo y los cambios que la izquierda debía acometer para entender las nuevas realidades y gobernarlas. Charlaban en el jardín y Scharping no conseguía encender un cigarro porque era incapaz de saber de dónde venía el viento y protegerse de él.
Beck me relataba unos años después la escena, que le parecía una imagen elocuente del desconcierto que se ha apoderado del sistema político en medio de la tormenta. Por un lado, simbolizaba muy bien esa nueva intemperie en que se ha convertido nuestro mundo imprevisible, inestable y contagioso. Fenómenos de tipo meteorológico, como los vientos, desbaratan cualquier protección. La política parece cada vez más un subapartado de la climatología o de la oceanografía; las elecciones se ganan o se pierden en función de unos movimientos tan poco dirigibles como los vendavales o las mareas. Por otro lado, las dificultades de Scharping reflejan la actual volatilidad de las instituciones políticas, lo que no es tanto un problema práctico de liderazgo político como una incapacidad de saber de dónde viene el viento, es decir, de comprensión.
¿De qué modo podríamos sintetizar el carácter general de esta nueva época, lo que tiene de inédito y requiere ser comprendido para actuar en ella? Entramos en un periodo caracterizado por la presencia creciente de más límites para la acción de gobierno de lo que estábamos acostumbrados, lo que nos obliga a reinventar la función de gobierno. No me refiero a las limitaciones de crecimiento o presupuestarias, que las hay, pero son consecuencia de una constricción más general.
La política siempre lo ha tenido difícil, pero en otros momentos había al menos un conocimiento asegurado, un espacio limitado, una legitimidad reconocida y una soberanía respetada que bastaban para sortear las dificultades de gobernar. Actualmente, la política está asediada por unas constricciones imprevistas que proceden del desajuste entre unas realidades que han desbordado los márgenes estatales y se articulan ahora en contextos globales, mientras que todavía no disponemos de instrumentos para gobernar esos sistemas, al tiempo que se ha puesto de manifiesto su limitada capacidad de autorregulación.
Estas constricciones a las que me refiero podrían agruparse en dos categorías: hay límites cognoscitivos y límites de autoridad, es decir, limitaciones que se refieren al conocimiento como recurso de gobierno y límites que tienen que ver con el recurso que solemos entender como poder.
Los límites cognoscitivos serefieren al hecho de que entramos en una era de mayores incertidumbres en general, pero de manera particularmente aguda en el caso de la política. Particularmente inquietante es la "ignorancia sistémica" cuando nos referimos a riesgos sociales, futuros, a constelaciones de actores, dentro de las cuales demasiados eventos están relacionados con demasiados eventos, de modo que queda desbordada la capacidad de decisión de los actores individuales... pero que con demasiada frecuencia también sobrepasa la competencia de los sistemas políticos en su conjunto. Cuando se trata de sociedades complejas, donde todo está densamente interconectado, la gran cuestión es cómo podemos protegernos de nuestra propia irracionalidad, de los encadenamientos fatales.
Estas limitaciones se ponen especialmente de manifiesto en ciertas asimetrías cognoscitivas a las que el poder político no estaba acostumbrado, más bien al contrario. Por un lado, en una sociedad del conocimiento los Estados ya no tienen enfrente a una masa informe de inexpertos, sino a una inteligencia distribuida, una ciudadanía más exigente y una humanidad observadora, de la que forma parte un gran número de organismos internacionales que no solamente les evalúan, sino que disponen frecuentemente de más y mejor saber experto que los Estados. Por otro lado, el aumento de la complejidad de los problemas que la política debe resolver se traduce en una disminución de las competencias cognitivas del poder político, muchas de cuyas dificultades proceden no tanto de que no pueda como de que no sabe. Por poner el caso agudo de la gobernanza financiera: toda la clave de la dificultad estriba en el hecho dramático de que los reguladores han de regular a partir del saber experto que le suministran quienes van a ser regulados. En estos y en otros muchos casos ocurre que, dicho sin eufemismos, el que manda ya no es el que más sabe.
La política, que estaba acostumbrada al control y la jerarquía, se ve obligada a gestionar las nuevas limitaciones, desarrollar una inteligencia cooperativa, reconstruir la confianza y pensar en los efectos sistémicos de las decisiones. Especialmente importante es el gobierno de los riesgos sistémicos, es decir, de los que proceden de una interacción no transparente entre los componentes de un conjunto concatenado. Buena parte de nuestro fracaso colectivo a la hora de gobernar el sistema financiero global, por ejemplo, se debe a que toda la acción regulatoria se ha dirigido a los componentes singulares, mientras que el modo como interactuaban esos elementos ha permanecido intransparente. Por supuesto que los riesgos sistémicos se caracterizan por una enorme cantidad de incertidumbre, pero hay modos de gestionar la incertidumbre; hay vida política -márgenes de acción, decisiones posibles- allá donde hay racionalidad, conocimiento, recursos y autoridad limitadas.
Existe otro conjunto de constricciones que se refieren a la dificultad de ejercer el poder, de representar una autoridad reconocida, de decidir o de ser eficaz en un mundo como el nuestro y en un momento como el actual. En medio de espacios abiertos y una densa interdependencia la soberanía es un instrumento muy limitado, las fronteras apenas protegen, los riesgos están mutualizados y entramos en ese ámbito de volatilidad y contagio que se ha hecho más inquietante desde que estalló la crisis económica, con todos sus corolarios: encadenamientos, contaminación, turbulencias, toxicidad, inestabilidad... ¿Cómo se gobierna una sociedad en la que los problemas carecen de límites mientras que los instrumentos están muy limitados?
Comencemos constatando que el poder duro (sin conocimiento, sin persuasión, unilateral, como orden) no es un procedimiento apropiado para los procesos sistémicos de elevada complejidad. Cuanto más depende la política de la formación de procesos de formación de una voluntad política inteligente, más anticuada resulta la idea de soberanía. Volvamos al ejemplo de la crisis financiera: los mercados financieros se desarrollan sobre una agregación transindividual de conocimiento y desconocimiento (incertidumbres, riesgos e ignorancia) que ninguna persona o institución singular está en condiciones de dirigir. Para gobernarlos la política tiene que proceder a una transformación profunda tanto de las ideas como de los procedimientos de gobierno para abrirlos a una mayor horizontalidad, tanto en relación con la sociedad que debe ser gobernada como hacia otros Estados con los que es preciso cooperar más intensamente.
Es cierto que los mercados están condicionando a los Estados de una manera brutal, pero ¿no será que los Estados son tan vulnerables ante estos ataques porque mantienen una estructura anacrónica y que podrían resistir si se tomaran en serio el camino de la cooperación? ¿Qué mejor contrapunto para la globalización financiera que una Europa que hubiera completado su transformación postsoberanista?
Necesitamos una nueva sabiduría de los límites y una inteligencia para entenderlos como una oportunidad para llevar a cabo una política en la que volvamos a combinar efectividad y democracia. De que la política aprenda este nuevo lenguaje depende que esté liderando las nuevas transformaciones o siga quejándose del poco juego que le permiten las nuevas circunstancias.
Daniel Innerarity
Publicada no El País, 29/12/2011
P.S.- Há algum tempo que pretendia regressar à blogosfera, além da participação em grupo, quer no Câmara de Comuns quer nos EUA 2012, que tem âmbitos muito próprios (o primeiro na dimensão da política nacional e Ocidental e o segundo exclusivamente dedicado à eleição presidencial dos EUA de 2012).
Nada como iniciar nas vésperas de um ano, 2012, que promete ser decisivo para o futuro, no qual se prevê a decadência Ocidental e a emergência de novos mundos, no extremo-Oriente e na América Latina. Assuntos não faltarão e este espaço, que por vezes poderá acabar por limitar-se a reprodução de artigos e entrevistas, publicados na comunicação social mundial.
Confesso que me faltava um título para o blog, mas depois de lido o artigo, acima apresentado, penso que do título ao conteúdo, todas as condições e razões para arrancar estavam asseguradas.
Beck me relataba unos años después la escena, que le parecía una imagen elocuente del desconcierto que se ha apoderado del sistema político en medio de la tormenta. Por un lado, simbolizaba muy bien esa nueva intemperie en que se ha convertido nuestro mundo imprevisible, inestable y contagioso. Fenómenos de tipo meteorológico, como los vientos, desbaratan cualquier protección. La política parece cada vez más un subapartado de la climatología o de la oceanografía; las elecciones se ganan o se pierden en función de unos movimientos tan poco dirigibles como los vendavales o las mareas. Por otro lado, las dificultades de Scharping reflejan la actual volatilidad de las instituciones políticas, lo que no es tanto un problema práctico de liderazgo político como una incapacidad de saber de dónde viene el viento, es decir, de comprensión.
¿De qué modo podríamos sintetizar el carácter general de esta nueva época, lo que tiene de inédito y requiere ser comprendido para actuar en ella? Entramos en un periodo caracterizado por la presencia creciente de más límites para la acción de gobierno de lo que estábamos acostumbrados, lo que nos obliga a reinventar la función de gobierno. No me refiero a las limitaciones de crecimiento o presupuestarias, que las hay, pero son consecuencia de una constricción más general.
La política siempre lo ha tenido difícil, pero en otros momentos había al menos un conocimiento asegurado, un espacio limitado, una legitimidad reconocida y una soberanía respetada que bastaban para sortear las dificultades de gobernar. Actualmente, la política está asediada por unas constricciones imprevistas que proceden del desajuste entre unas realidades que han desbordado los márgenes estatales y se articulan ahora en contextos globales, mientras que todavía no disponemos de instrumentos para gobernar esos sistemas, al tiempo que se ha puesto de manifiesto su limitada capacidad de autorregulación.
Estas constricciones a las que me refiero podrían agruparse en dos categorías: hay límites cognoscitivos y límites de autoridad, es decir, limitaciones que se refieren al conocimiento como recurso de gobierno y límites que tienen que ver con el recurso que solemos entender como poder.
Los límites cognoscitivos serefieren al hecho de que entramos en una era de mayores incertidumbres en general, pero de manera particularmente aguda en el caso de la política. Particularmente inquietante es la "ignorancia sistémica" cuando nos referimos a riesgos sociales, futuros, a constelaciones de actores, dentro de las cuales demasiados eventos están relacionados con demasiados eventos, de modo que queda desbordada la capacidad de decisión de los actores individuales... pero que con demasiada frecuencia también sobrepasa la competencia de los sistemas políticos en su conjunto. Cuando se trata de sociedades complejas, donde todo está densamente interconectado, la gran cuestión es cómo podemos protegernos de nuestra propia irracionalidad, de los encadenamientos fatales.
Estas limitaciones se ponen especialmente de manifiesto en ciertas asimetrías cognoscitivas a las que el poder político no estaba acostumbrado, más bien al contrario. Por un lado, en una sociedad del conocimiento los Estados ya no tienen enfrente a una masa informe de inexpertos, sino a una inteligencia distribuida, una ciudadanía más exigente y una humanidad observadora, de la que forma parte un gran número de organismos internacionales que no solamente les evalúan, sino que disponen frecuentemente de más y mejor saber experto que los Estados. Por otro lado, el aumento de la complejidad de los problemas que la política debe resolver se traduce en una disminución de las competencias cognitivas del poder político, muchas de cuyas dificultades proceden no tanto de que no pueda como de que no sabe. Por poner el caso agudo de la gobernanza financiera: toda la clave de la dificultad estriba en el hecho dramático de que los reguladores han de regular a partir del saber experto que le suministran quienes van a ser regulados. En estos y en otros muchos casos ocurre que, dicho sin eufemismos, el que manda ya no es el que más sabe.
La política, que estaba acostumbrada al control y la jerarquía, se ve obligada a gestionar las nuevas limitaciones, desarrollar una inteligencia cooperativa, reconstruir la confianza y pensar en los efectos sistémicos de las decisiones. Especialmente importante es el gobierno de los riesgos sistémicos, es decir, de los que proceden de una interacción no transparente entre los componentes de un conjunto concatenado. Buena parte de nuestro fracaso colectivo a la hora de gobernar el sistema financiero global, por ejemplo, se debe a que toda la acción regulatoria se ha dirigido a los componentes singulares, mientras que el modo como interactuaban esos elementos ha permanecido intransparente. Por supuesto que los riesgos sistémicos se caracterizan por una enorme cantidad de incertidumbre, pero hay modos de gestionar la incertidumbre; hay vida política -márgenes de acción, decisiones posibles- allá donde hay racionalidad, conocimiento, recursos y autoridad limitadas.
Existe otro conjunto de constricciones que se refieren a la dificultad de ejercer el poder, de representar una autoridad reconocida, de decidir o de ser eficaz en un mundo como el nuestro y en un momento como el actual. En medio de espacios abiertos y una densa interdependencia la soberanía es un instrumento muy limitado, las fronteras apenas protegen, los riesgos están mutualizados y entramos en ese ámbito de volatilidad y contagio que se ha hecho más inquietante desde que estalló la crisis económica, con todos sus corolarios: encadenamientos, contaminación, turbulencias, toxicidad, inestabilidad... ¿Cómo se gobierna una sociedad en la que los problemas carecen de límites mientras que los instrumentos están muy limitados?
Comencemos constatando que el poder duro (sin conocimiento, sin persuasión, unilateral, como orden) no es un procedimiento apropiado para los procesos sistémicos de elevada complejidad. Cuanto más depende la política de la formación de procesos de formación de una voluntad política inteligente, más anticuada resulta la idea de soberanía. Volvamos al ejemplo de la crisis financiera: los mercados financieros se desarrollan sobre una agregación transindividual de conocimiento y desconocimiento (incertidumbres, riesgos e ignorancia) que ninguna persona o institución singular está en condiciones de dirigir. Para gobernarlos la política tiene que proceder a una transformación profunda tanto de las ideas como de los procedimientos de gobierno para abrirlos a una mayor horizontalidad, tanto en relación con la sociedad que debe ser gobernada como hacia otros Estados con los que es preciso cooperar más intensamente.
Es cierto que los mercados están condicionando a los Estados de una manera brutal, pero ¿no será que los Estados son tan vulnerables ante estos ataques porque mantienen una estructura anacrónica y que podrían resistir si se tomaran en serio el camino de la cooperación? ¿Qué mejor contrapunto para la globalización financiera que una Europa que hubiera completado su transformación postsoberanista?
Necesitamos una nueva sabiduría de los límites y una inteligencia para entenderlos como una oportunidad para llevar a cabo una política en la que volvamos a combinar efectividad y democracia. De que la política aprenda este nuevo lenguaje depende que esté liderando las nuevas transformaciones o siga quejándose del poco juego que le permiten las nuevas circunstancias.
Daniel Innerarity
Publicada no El País, 29/12/2011
P.S.- Há algum tempo que pretendia regressar à blogosfera, além da participação em grupo, quer no Câmara de Comuns quer nos EUA 2012, que tem âmbitos muito próprios (o primeiro na dimensão da política nacional e Ocidental e o segundo exclusivamente dedicado à eleição presidencial dos EUA de 2012).
Nada como iniciar nas vésperas de um ano, 2012, que promete ser decisivo para o futuro, no qual se prevê a decadência Ocidental e a emergência de novos mundos, no extremo-Oriente e na América Latina. Assuntos não faltarão e este espaço, que por vezes poderá acabar por limitar-se a reprodução de artigos e entrevistas, publicados na comunicação social mundial.
Confesso que me faltava um título para o blog, mas depois de lido o artigo, acima apresentado, penso que do título ao conteúdo, todas as condições e razões para arrancar estavam asseguradas.
Subscrever:
Mensagens (Atom)