terça-feira, 31 de janeiro de 2012

A UE devia mudar de hino

Na vida, como na morte, a Europa tem um brio muito próprio e os grandes compositores do nosso continente souberam como ninguém melodiar de forma tão admirável a Luz como as Sombras.

Por isso, escrever sobre o Conselho Europeu de hoje seria quase uma repetição do que já se disse nos anteriores encontros. Enquanto tivermos quem temos em Paris e, sobretudo, em Berlim, não vale a pena esperar pela retoma que ambicionamos, a não ser a apneia constante.

Ao menos façam-nos o favor de mudar, oxalá que de modo temporário, o hino europeu, e ao trabalho de Beethoven, apresentar esta peça de Mozart. Sempre temos o direito à Dignidade.

A sangrenta luta mexicana

 
Neste interessante artigo, é realçado o facto de Obama, no discurso da semana passada, no Capitólio, não ter referido a situação perigosa que se vive no México. De facto, os números dos últimos anos são aterradores, mas não é tida em consideração o outro lado da moeda, ou seja, a forma como os cartéis de droga mexicana se entranharam e ganharam fortes raízes numa das potências mundiais (o México faz parte do G20).

A política do Presidente Calderón tem esta marca negativa e inapagável, mas representa o começo de um combate ao narcotráfico sem precedentes e que o México precisa de travar pelo seu futuro, e foi, durante décadas, ignorado pelo poder político, que se acomodou e viu crescer impunemente os cartéis de droga, de alcance mundial.

Tal como na Colômbia, que é um bom exemplo do árduo mas bem sucedido combate, este não é um assunto fácil e não é um combate só do México e dos EUA, é de todo o mundo. Os cartéis mexicanos são dos mais poderosos e geram milhões de dólares todos os dias. Ignorar este facto, pensando que se trata de uma questão regional, é um erro. Parte significativa da droga que circula na Europa tem origem no México ou provém dos cartéis mexicanos.

Faltam poucos meses para as presidenciais mexicanas e vale a pena acompanhar o debate que se gera, até por esta questão do combate aos cartéis ser relevante. Irão os candidatos apoiar ou recusar o caminho árduo, mas necessário de Calderón?

Uma campanha a seguir.

sábado, 28 de janeiro de 2012

A europeização da extrema-direita


Ontem, no dia em que se assinalava o Dia da Memória do Holocausto, destacados políticos da extrema-direita europeia juntaram-se num baile de gala, na capital austríaca.

O cimento que os une - o ódio, a xenofobia, a exclusão e o radicalismo - está a consolidar-se e a cativar várias camadas da população, descontente com a situação que vivemos actualmente. E a tendência é de crescer.
 
O encontro de ontem, em Viena, não é resultado de coincidências de data, mas um claro sinal do que está a acontecer e começa a ter contornos semelhantes à década de 20 e 30 do passado século.
Se a esquerda democrática está em crise, a direita democrática está em decadência, ao mesmo tempo que a extrema-direita está a crescer (algo a desenvolver em próximos posts).

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

A falta de respeito pelo Poder Local e de não melhorar o Poder Central

Governo ensaia regionalização com novo modelo de gestão autárquica

"É um verdadeiro choque reformista", afirma o ministro Miguel Relvas

Miguel Relvas já tivera uma passagem pouco abonatória no Governo de Durão Barroso, quando, então na qualidade de Secretário de Estado, criou as Comunidades Intermunicipais. Apenas umas medidazitas para dizer que se estava a fazer alguma coisa pelo Poder Local.

Agora, como Ministro, diz que está a fazer um "choque reformista". Na verdade, o Governo continua a assumir medidinhas e que pouco valorizam o Poder Local português e não cumprem o desígnio que devia ser central: servir melhor as pessoas.

O Governo diz, e bem, que há freguesias a mais, por isso é preciso diminuir o número de freguesias, ao mesmo tempo que manifesta desejar, acertadamente, dar mais poderes às freguesias. Para esta reforma ser consequente e coerente, é preciso pensar no todo, ou seja, no Poder Central e no Poder Local, de modo integrado e complementar. O tempo que vivemos, de dificuldade e forte contenção, não devia ser de testes ou pretensões, mas de uma Reforma digna desse nome, não uma mudança que deixará quase tudo como está. Aliás, o momento é mais do que adequado para operar a mudança necessária.

O País precisa de uma regionalização que transfira poderes de Ministérios pesados e embrulhados em si, como o da Educação e da Saúde, para o nível regional. A par da regionalização, o papel das Câmaras e Assembleias Municipais, assim como dos órgãos de freguesias, têm de ser repensados e reequacionados à lógica da nova transferência de poderes, que, por sua vez, terá de requerer a passagem de poderes do nível nacional e regional (das diversas Administrações) para a regional e municipal e, finalmente, mas não menos importante, transferir poderes dos municípios para as freguesias, deixando estas de ter o carácter de passadores de atestados de residência e registar e licenciar animais domésticos, enquanto esperam pela delegação de competências do município.

Relvas pode dizer que está a ser corajoso e corresponde, deste modo, ao acordado com a troika, mas na verdade, nem arrojo nem convicção tem, porque o Poder precisa de ser pensado e redifinido em todo o País (excepção nas Regiões Autónomas) e reconhecer a importância de cada organização, algo que não existe, caso contrário o Poder Local não seria e continuará a ser um parente pobre.

Assim, estamos a ter uma versão de medidinhas, em vez da Reforma necessária. O Poder continuará centrado nos Ministérios em Lisboa e, por incrível que pareça, Lisboa, o seu concelho e a sua área metropolitana, é uma das primeiras vítimas. Só não é mais evidente e gritante por a capitalidade disfarçar muita coisa, como o facto de ter benefícios, de centralidade, que outras áreas, a começar pelas do interior, infelizmente, não têm.

O grande perigo da extrema-direita francesa


Há dias, quando Sarkozy visitou a Guiana francesa, transpirou a notícia de que o actual Presidente francês dá por perdida a sua corrida, dado o quadro actual, de vulnerabilidade da França. Para quem se apresentou em 2007 como o homem que ia transformar a França, a mudança registou-se, sem dúvida, mas no sentido inverso ao prometido. O homem disse que se a França perdesse o triplo A "morria". Ora, a França perdeu, mas não está morto, apesar de andar moribundo.

Agora que faltam três meses para as eleições saem mais sondagens e esta, que apura a confiança que os franceses atribuem a cada candidato para lidar com os diversos desafios sectoriais, atesta como em nenhum dos nove items Sarkozy seja considerado melhor que os seus oponentes. Hollande destaca-se em sete e com grande vantagem numa das áreas mais sensíveis, que o candidato socialista tem destacado: a pobreza e a precariedade. A outra pessoa que se destaca é Marine Le Pen, que bate os seus adversários nos assuntos clássicos da extrema-direita: a imigração e a insegurança.

Se pode haver razões de satisfação pela derrota iminente de Sarkozy, apesar de ser prematuro desconsiderar o líder da UMP, há um factor a considerar e bem perigoso: Marine Le Pen. A candidata da Frente Nacional arrisca-se a passar à segunda volta, perante a fraqueza de Sarkozy.

Todos os candidatos têm feito e vão continuar a fazer do ataque ao Presidente gaulês, com trágicos resultados para apresentar dos seus cinco anos de mandato, uma das armas de campanha. Se esta crítica torna mais frágil a candidatura de Sarkozy, faz, também, um apelo implícito à mudança de parte do eleitorado da UMP, cada vez mais perto da FN, do que propriamente do MoDem, de Bayrou, ainda que este possa ser um dos beneficiados, por parte da direita moderada desiludida com Sarko.

Ora, é aqui que reside o grande problema. Marine Le Pen não corre só para as presidenciais de 2012, o seu projecto é de fundo. E estrear-se numa eleição, ela que substitui o pai pela primeira vez na corrida presidencial, com uma passagem à segunda volta seria ouro sobre azul. Razão pela qual é importante que não se entenda as presidenciais francesas deste ano como a derrota de Sarkozy, pois a direita democrática gaulesa pode estar em causa.  

O “sonho francês” é essencial para o futuro da Europa

Escrevi um artigo, no Acção Socialista, que saiu na edição, deste mês de Janeiro, referente à eleição presidencial francesa.


O “sonho francês” é essencial para o futuro da Europa

A França é um dos grandes esteios europeus, tanto pela sua dimensão de país fundador do projecto europeu como pela sua dimensão, dada a sua História, Cultura, centro de excelência mundial. E, para nós, portugueses, a França tem um valor relevante, pois foi o país para onde muitos portugueses emigraram, em busca de um futuro que o Portugal amordaçado não lhes garantia. Além desta ligação afectiva, o país das Luzes tem para nós, socialistas, um significado muito especial: é um dos berços dos nossos valores políticos e foi com os socialistas franceses que pudemos contar, num momento crucial do nosso País, para conquistar e consolidar a Democracia em Portugal.

Tudo isto reporta a um período de grande pujança económica, social e cultural de França, que teve nos mandatos de François Mitterrand (de 1981 a 1995) o seu expoente máximo. E esta liderança fez com que se registassem grandes avanços, políticos e sociais em França e na União Europeia, dos quais, nós, portugueses, beneficiámos directamente, desde logo, pelas vantagens conquistadas com a nossa adesão ao projecto europeu, em 1986.

Desde a saída deste histórico socialista, a França entrou num declínio que aflige, pois apesar de grande, a França deixou de ser o gigante europeu de outros tempos, como a recente perda do triplo A comprova.
Se os dois mandatos de Jacques Chirac (de 1995 de 2007) contribuíram para a decadência, este mandato desastrado e erróneo, iniciado por Nicolas Sarkozy em 2007, acabou por a acentuar.

Não é pois, por acaso, que o mau estado da UE, hoje, seja um reflexo directo da vulnerabilidade francesa actual, pois ambas estão intimamente ligadas e dependentes.

É, por isso, que as eleições presidenciais francesas, que se vão realizar a 22 de Abril (primeira volta) e 6 de Maio (segunda volta), são determinantes para os franceses e para os europeus. Da opção dos gauleses vai depender o futuro da França e da UE. E esta eleição tem uma particularidade importante: vai ser das mais disputadas de sempre, uma vez que estão presentes várias candidaturas, que traduzem as várias sensibilidades existentes no país.

Se a extrema-direita já adquiriu o seu lugar de destaque na sociedade, o que já é bastante preocupante, e é bem possível que uma das candidaturas na segunda volta seja a de Marine Le Pen, a direita apresenta-se dividida, com Nicolas Sarkozy e Dominique Villepin. A esquerda radical, como sempre, apresenta-se com várias candidaturas. Mas, para já, o grande favorito, assim se espera que continue, é François Hollande, o candidato socialista.

Hollande tem apresentado uma análise muito lúcida da actualidade. Reconhece o enfraquecimento de França e sabe que isso é uma séria ameaça ao futuro dos franceses.

O seu projecto, “o sonho francês”, procura retomar as causas da promessa republicana, ou seja, garantir às gerações seguintes condições melhores do que tiveram as precedentes.

O desafio é elevado e não será fácil de cumprir, tendo em conta os ataques que está a sofrer o Estado Social, sem esquecer o estado da economia. Mas há uma coisa que nós, socialistas, sabemos por experiência própria, não foi com desistências nem conformismos perante as dificuldades que conseguimos operar as transformações que deram à sociedade os ganhos e os progressos desejados. Aliás, sempre que fraquejámos, registaram-se recuos e assinalaram-se perdas, mas sempre que enfrentámos os problemas e os obstáculos, acreditando nas nossas causas, sendo fieis aos nossos valores e dando o nosso melhor, o Socialismo triunfou e contribuiu decisivamente para melhorar as condições de vida das pessoas.

É, pois, com base no sonho que Hollande quer tornar realidade, que nós, europeus, também devemos ambicionar a sua indispensável vitória.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

A vergonhosa condenação de Baltasar Garzón

"El mundo entero está mirando", advertían ayer los observadores internacionales que acuden hoy a vigilar el juicio contra el juez Baltasar Garzón por su investigación de los crímenes del franquismo. "Es la primera vez en democracia que vienen al Supremo a supervisar un juicio", subrayó José Antonio Martín Pallín, magistrado retirado de ese mismo tribunal. "El mundo entero tiene los ojos puestos en este juicio y en las represalias que se están aplicando sobre Garzón". "La justicia española se está haciendo daño a sí misma", insistió uno de esos observadores, el consejero jurídico de Human Rights Watch Reed Brody.

Del que empieza hoy, subrayaron que "es la primera vez" en la Unión Europea que se sienta a un magistrado en el banquillo por investigar violaciones de derechos humanos


"Abandonar a un juez que aplica el derecho internacional en auxilio de las víctimas de graves violaciones de derechos humanos es atentar contra uno de los pilares del Estado de derecho".


O que se está a passar em Espanha é vergonhoso. Procura-se condenar em Tribunal quem quer e sempre se bateu pela Justiça.

A grande incógnita egípcia


A Irmandade Muçulmana ganhou as eleições e tem quase a maioria absoluta do Parlamento. Se juntarmos as outras forças políticas islâmicas, registam-se 75% do domínio da Assembleia.

Não deixa de ser uma grande incógnita, vista com receio quanto ao futuro do país, um dos mais importantes do Mediterrâneo. A seguir, com muita atenção.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

As virgens de Cavaco

Parece que anda por aí há solta um conjunto de arrependidos com Cavaco Silva, pelo que disse há dias, da sua reforma mal dar para pagar as despesas.

Estas virgens, que votaram em Cavaco em 1985, 1987, 1995, 2006 e 2011, dizem que se envergonham de ter dado o seu voto ao actual Presidente da República.

Francamente, depois de tantos anos, em que um dos mais políticos dos políticos portugueses, Aníbal Cavaco Silva de seu nome, apesar de o negar constantemente, ele "apenas" foi Ministro das Finanças, Primeiro-Ministro e é Presidente da República, reconhecem, actualmente, a vergonha que têm de ter dado o seu voto a Aníbal Cavaco Silva?

Parecem aqueles comunistas defensores dos Direitos Humanos, ao mesmo tempo defendiam a invasão da Hungria e da Checoslováquia, e só quando caiu o Muro de Berlim é que descobriram que a União Soviética era uma ditadura totalitária.

Não posso culpar Cavaco, mas sim quem se quis iludir e deu o poder a quem pouco pouco fez pelo País, no período da era democrática lusa que mais condições teve para construir um Portugal moderno e inovador, graças aos fundos que pingavam gotas chorudas de dinheiro todos os dias.

Se Cavaco triunfou, e esse é um dos falhanços do Portugal democrático, deve-se a quem quis um Portugal pequenino e envergonhado de si mesmo. Agora não se envergonhem do "monstro" que criaram, ele nunca mudou, foi sempre o mesmo. 

domingo, 22 de janeiro de 2012

Discurso de François Hollande


O magnífico discurso proferido, hoje, por François Hollande, no arranque da candidatura ao Eliseu, está disponível aqui (vídeo e texto).

As boas e más notícias das presidenciais finlandesas


El ultraconservador Tino Soini sufre un gran varapalo y pierde el impulso de las legislativas

Boas e más notícias da primeira volta das presidenciais finlandesas. As boas: toma liderança um candidato europeísta e passa à segunda volta o candidato do Partido Verde. A queda da extrema-direita, perde metade dos apoios de há nove meses, aquando das legislativas, também é de assinalar.

As más: os sociais-democratas, formação que tem liderado a Chefia de Estado nas últimas décadas, perde um terço do eleitorado e tem um resultado mau, pouco mais de 6%.  

sábado, 21 de janeiro de 2012

Razões para assassinar Obama


Adler, who has since apologized for his article, listed three options for Israel to counter Iran’s nuclear weapons in an article published in his newspaper last Friday. The first is to launch a pre-emptive strike against Hamas and Hezbollah, the second is to attack Iran’s nuclear facilities and the third is to “give the go-ahead for U.S.-based Mossad agents to take out a president deemed unfriendly to Israel in order for the current vice president to take his place and forcefully dictate that the United States’ policy includes its helping the Jewish state obliterate its enemies.”  

O Irão é uma grande ameaça regional e mundial, daí a urdir uma teia para debilitar o Irão que passa pelo assassinato de Barack Obama, há uma diferença abissal.

Tendo em conta os tempos que correm, não me admiro nada que algumas cabecinhas equacionem esta tese esdrúxula, como sucedeu e foi publicado. Obama nunca foi apreciado pelos radicais israelitas, por defender a Paz e, com isso, reconhecer o Estado da Palestina.

Como esta campanha presidencial norte-americana demonstra, para o bem de Israel e da região, Obama é, sem dúvida, o melhor aliado, do que qualquer candidato Republicano.

Berlusconi volta a esticar a corda


A direita italiana, menos de dois meses depois de ter saído do poder, começa a aprofundar as brechas abertas face ao Governo Monti, que apoiou, na investidura.

Não é a primeira vez que Berlusconi dá sinais de impaciência com o Executivo. A sede e dependência do poder começa a sentir-se e por este andar o PdL (formação de il Cavalieri) bem pode começar a forçar eleições antecipadas dentro de alguns meses.

A esquerda, por seu turno, e bem, pretende que o mandato de Monti termine em 2013, com o fim da legislatura. Em suma, em Itália, com a excepção do actual Governo, constituído à margem dos partidos, tudo continua igual. Assim é difícil operar as mudanças necessárias, ainda que Monti continue a demonstrar uma paciência e estofo fora do comum.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

A boa moeda do Presidente e a má moeda do Cidadão Cavaco Silva


Cavaco Silva acabou, finalmente, por dar voz à realidade de milhares de portugueses reformados. O Presidente da República está, por isso, coberto de razão, tendo em conta as décadas que muitas pessoas descontaram e as míseras pensões que auferem hoje em dia.

Todavia, o cidadão Cavaco Silva, um priveligiado na sociedade portuguesa, a quem nunca faltará, felizmente, comida na mesa e dinheiro para comprar os medicamentos que precisa de tomar, roubou o espaço público do Presidente da República e apropriou-se da função do Chefe de Estado para reclamar para si, cidadão Cavaco Silva, o que nunca faltará a quem vive em Belém.

Se o Presidente da República esteve bem, pois chamou a atenção para um problema que afecta milhares de pessoas em Portugal, o cidadão Cavaco Silva usurpou o espaço que teve à sua disposição.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Quem mais debilita os trabalhadores quer dar lições de Direitos


Há muito que a CTGP se demitiu das suas responsabilidades. Nunca quis fazer parte de soluções, limitou-se a ser contra os problemas, sem, no entanto, com essa postura, salvaguardar, de facto, os direitos dos trabalhadores.

Há anos que a CGTP passou a comportar-se como um treinador de bancada. Condena tudo e todos e não faz qualquer distinção de propostas. É contra e ponto final, assunto encerrado. O País sabe isto, a começar nos filiados da CGTP, mesmo aqueles que não apreciam este rumo.

Agora, e na sua tradicional posição de se demarcar dos genuínos interesses dos trabalhadores, que não são protegidos com berros na rua e protestos, que a CGTP banalizou e por isso hoje milhares de portugueses encaram a greve como um obstáculo e não um aliado dos direitos laborais, como devia, a CGTP, numa atitude da mais deplorável, quer condenar a UGT.

O acordo da Concertação Social que a UGT assinou não é, como se percebe com facilidade, e só a má fé pode considerar o contrário, o documento desejado pelos trabalhadores, e por isso João Proença não adicionaria a sua assinatura, em nome da UGT, por mero gosto, mas sim porque havia mais em causa, como a contratação colectiva.

A UGT assumiu o seu compromisso, que legitimamente pode ser criticado. Mas devemos ser objectivos e deixar-nos de onirismos, tendo em conta a realidade actual. Eu considero que João Proença teve muita coragem e fez aquilo que, provavelmente, lhe custou mais em toda a vida sindical, mas há momentos em que é preferível ter um pássaro na mão do que dois a voar.

Quem menos tem legitimidade para criticar a UGT, como a CGTP, desde logo por que se demarca da sua missão, e ainda anda na rua insultar o líder de outra central sindical, num gesto deplorável de camaradagem de quem tem os mesmos propósitos, quer, agora, dar lições e punir Proença pelo que expressa em Liberdade.

A GCTP devia ter vergonha do que quer fazer. Gosta de dar-se ao luxo de tudo, menos daquilo para que existe: defender os trabalhadores.

Como sempre, a mania da superioridade. Mas esta, como o tempo está a demonstrar, apenas serve para debilidar as condições laborais em Portugal. Ou teremos dúvidas que UGT e CGTP, sentadas, até ao fim, nas negociações, não obteriam um resultado mais positivo?

Chega de hipocrisia! Em vez de condenar a UGT, a CGTP deve reflectir o que anda a fazer há décadas.

Riqueza no Mediterrâneo oriental

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Investimentos que procuram captar riqueza e gerar emprego



At present, the British aviation industry says the nation is losing out to rivals airports such as Schiphol in Amsterdam and Paris Charles de Gaulle.


"The recognition today is that it matters to the UK economy, to jobs and to growth. There's no reason why any option should be ruled out."

Os britânicos já perceberam que têm um sério problema, em termos de concorrência aeroportuária no quadro europeu, e têm de ser tão ou mais competitivos que os principais concorrentes, se quiserem obter benefícios económicos.

A aposta na construção de um novo aeroporto em Londres, que se assuma como um hub europeu, vem corresponder a este desígnio, ao mesmo tempo que é ancorado na geração de riqueza e criação de emprego.

O Governo de Londres é conservador e, ao contrário das teses tradicionais da direita, não enjeita o investimento, com os propósitos óbvios: ter proveitos. Por cá, temos um Governo de direita que continua a conceber o investimento nas obras públicas como nas décadas de ouro do cavaquismo: investir só por investir. Como a situação é de aflição, e a lógica do investir só pelo investimento não se enquadra no período de recessão, continua-se a conceber o novo aeroporto de Lisboa, que não pode (apesar de) ser secundário no quadro Ibérico, e o TGV, essencial na rede europeia de alta velocidade, como um luxo. Num total desprezo das oportunidades que se podem e devem abrir à economia lusa.

Seria bom que os governantes portugueses pudessem aprender alguma coisa com os homólogos britânicos. O investimento nas infra-estruturas não é um fim, mas um meio. Em Portugal, com o cavaquismo e com o actual Governo, as infra-estruturas são concebidas como um fim, e não um meio, por isso o País não retira proveitos. Assim, em vez de progredirmos andamos a marcar passo. 

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

A família Kirchner

El hijo de la presidenta argentina acumula influencias en los círculos de poder

Um nome a reter no futuro da Argentina: Máximo Kirchner, filho do antigo Presidente Nestor Kirchner e da actual Presidente, Cristina Kirchner.

O clã continua!

Ainda não são os eurobonds, mas já há Deutschlandbonds

la chancelière vient d'apporter son soutien à l'adoption de «Deutschlandbonds», des bonds allemands visant à gommer les disparités entre les Länder les plus riches et les plus pauvres.

Merkel começa a fazer o caminho, ainda que só o faça a nível interno.

Se a Chanceler alemã aplicar a mesma lógica germânica à escala europeia conseguirá defender muito melhor os alemães do que pensa. 

Já faltou mais para os eurobonds? Provavelmente!

O fim da Coreia do Norte?


Não estaria tão optimista como o irmão do novo líder norte-coreano.

Aumenta a contestação na Roménia

People were gathering again in Bucharest’s central University Square and other cities across the country yesterday, for the fifth day of protests against President Traian Basescu, the government and its austerity policies. Although the demonstrations initially began in solidarity with health official Raed Arafat, who quit in protest against a healthcare reform law which would have partially privatised the system, they soon widened to include all of the people’s discontent with recent austerity measures and low living standards.

Somam-se as contestações na Roménia contra o Governo de Basescu.

Neste país, a receita da austeridade pura, com perda de condições, está a conduzir ao empobrecimento de um Estado já de si vulnerável.

Continuamos a ficar mais vulneráveis

"En Francia, y supongo que también en España, las agencias de calificación no son las que definen las políticas económicas. La pérdida de la triple A por una de las tres agencias no cambia nada. Tenemos que reaccionar con sangre fría, reducir el déficit y ganar competitividad", remató Sarkozy.

A primeira recepção que Mariano Rajoy teve, em Moncloa, como Presidente do Governo espanhol, foi do Presidente francês, Nicolas Sarkozy.

Noutros tempos, dir-se-ia: grande estreia para Rajoy. Todavia, tal não corresponde, na actualidade, a tal consideração, uma vez que se trata da recepção de um Chefe de Estado de um país que viu, há dias, cortado o seu rating, e de melhor do mundo, passou para o escalão inferiror.

A conferência de imprensa que os dois deram revelou um Sarkozy tenso e irritado, muito pelas questões da perda do triplo A, que disse aos jornalistas, não entender bem o que eles queriam saber.

Ontem, ficou claro que Angela Merkel não passou a França para o clube dos aflitos gigantes, entenda-se: Itália e Espanha, mas foram as agências de rating, as mesmas que durante a crise e depois do pico, continuaram a actuar de modo livre. Por isso, já se fala na "aliança" Madrid-Roma-Paris. Numa lógica de: nós estamos fracos, mas somos fortes.

Como era previsível há uns tempos, e Sarkozy demitiu-se complementante desta opção, a solução ao presente momento que atravessamos, só pode ser europeia e quanto mais se adiar pior será para todos os europeus. Começou na Grécia, passou para a Irlanda, chegou a Portugal e, depois, contaminou grande espaço da UE. Um dia, por este caminho, também chegará à Alemanha e aos escandinavos.

Todavia, como já se percebeu, neste momento, as actuais lideranças dos gigantes europeus, entenda-se França e Alemanha, não são a solução, mas o problema.

A extrema-direita húngara diz que o seu país está a ser atacado

el pasado fin de semana alrededor de 2.000 manifestantes afectos al ultranacionalista partido Jobbik escucharon a uno de sus dirigentes, y europarlamentario, manifestar: "La UE ha declarado la guerra de forma descarada a Hungría".

A extrema-direita húngara, como qualquer extrema-direita, continua a aproveitar a crise para subir e provocar o aumento de tensões. Este é o seu modus operandi e o seu terreno fértil, para crescer. Agora, para reforçar as suas causas nacionalistas, dizem que a UE está a atacar o país.

No caso magiar, a extrema-direita, que é neo-nazi, já recolhe mais de um quinto do apoio da população e as suas causas são a do isolamento húngaro, ao mesmo tempo que reivindicam as antigas fronteiras do "império", que abarcam terras, nas quais há comunidades húngaras, em solo ucraniano, sérvio, romeno e eslovaco.

Enquanto o Governo de Orbán prossegue o caminho da irresponsabilidade, a Hungria isola-se no quadro europeu, por se cercear a Liberdade e a Democracia. Um problema, antes de mais, para os húngaros, mas também para os europeus. Os valores que estão na base da adesão e pertença a este projecto estão a ser desprezados, e isto significa que as pessoas estão a ser penalizadas. 

Vale a pena comparar


A capa do "i" diz tudo. E foi por isto que se chumbou o PEC IV!

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

A melhor notícia para Marine Le Pen

Marine Le Pen teve hoje uma das suas melhores notícias. O corte do triplo A da França é, à luz da extrema-direita francesa, um sinal de como o actual sistema está desjustado à realidade e a necessidade da França fazer o seu caminho, fora do €uro, justifica-se, como a Frente Nacional defende.

Veremos como é recebido e entendido este corte do rating pelos franceses e qual o impacto na campanha eleitoral. Estamos a três meses das presidenciais.
Há tempos, Sarkozy disse que se a França perdesse o triplo A ele estaria morto. O actual Presidente francês não está morto, mas parte do eleitorado do UMP bem pode passar para a FN. O suficiente para o deixar de fora na primeira volta das presidenciais, sendo Marine Le Pen uma das finalistas.

O momento é mais do que propício para esta candidata, que se considera "a voz do povo, o espírito da França", aprofundar o seu populismo e demagogia. E nada como um momento em que a Alma está ferida para acenar com emoções, no caso totalmete irresponsáveis.

O dia em que a França perdeu o triplo A


Via Le Monde.

O mapa da espionagem mundial


A ver, aqui, com mais pormenor.

Mortes estranhas

Mostafa Ahmadi Roshan, Masud Ali Mohamadi, Majid Shahriari, Dariush Rezaineyad e Hasan Tehrani-Moghadam têm todos duas coisas em comum: estão ligados ao projecto nuclear iraniano e foram todos assassinados.

Correm os boatos, as teses de conspiração. Uma coisa parece evidente, nada disto deve ser fruto do acaso. Resta saber quem cometeu estes crimes.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Marine Le Pen aproxima-se de Sarkozy


A três meses da primeira volta das presidenciais francesas, começam a sair mais sondagens. O candidato socialista, François Hollande, continua a liderar e o cenário tende a confirmar a passagem de Hollande, havendo, todavia, a dúvida de quem passará à segunda volta: Sarkozy ou Marine Le Pen.

Desde já, e apesar de reconhecer o favoritismo de Hollande, todos os cuidados são poucos e nada está garantido para o candidato socialista. Depois, há candidaturas que podem não ter grande percentagem, como a do ex-Primeiro-Ministro, Dominique Villepin, mas serem decisivas no desfecho, sem esquecer o fenómeno François Bayrou, e pode repetir-se o que se passou nas anteriores presidenciais, com o candidato do MoDem a ter um apoio expressivo. A candidatura dos Verdes, de Eva Jolie, também tem o seu peso.

Em suma, será uma eleição extremamente disputada e interessante, apesar das notícias que nos chegam nem sempre serem as mais entusiasmantes, como a de se saber, hoje, que quase um terço dos franceses se identificam com as causas da Frente Nacional, de Marine Le Pen. Ideias, em parte, assumidas e defendias por Nicolas Sarkozy.

A Grécia está a transformar-se num Zimbabué europeu

Grecia está en recesión por cuarto año consecutivo, y en 2011 la contracción fue del 5,5 %.
Dados que dizem tudo do que se tem feito impor à Grécia.

A Grécia só não é um verdadeiro modelo zimbabueano na Europa porque no caso helénico a receita é imposta pelo exterior, enquanto que em África, é Mugabe que sacrifica os seus.

O referendo de independência da Escócia

Q&A: The battle for Britain
Q. What is the UK Government's position?
It accepts the question of independence has to be put to Scots. But it is adamant the ballot should happen as soon as possible and only contain a simple Yes/No question. Initially Downing Street suggested it should happen within 18 months, although it withdrew the explicit deadline. But its preference remains for a 2013 referendum.

Q. What does Alex Salmond want?

He has set autumn 2014 for the poll and wants it to contain three choices: no change, full independence and greater devolution within the UK.


Q. Who decides what happens?
This is the crux of the controversy, threatening the UK with its gravest constitutional crisis for nearly a century. The UK Government asserts Holyrood is banned, under the 1998 Scotland Act, from passing any measure affecting the nation's constitutional status. Hence, it says, the result of such a poll would not be legally binding.

Q. How does the SNP respond?

It says the referendum's timing and content has to be fixed in Edinburgh and Salmond says there is "plenty of legal authority" to support his administration's plans to stage its own ballot.

Q. What happens next?

The UK Government is ready to give permission for a ballot if it takes place within a certain time and is limited to a Yes/No question. It has started a consultation.

Q. What if Salmond presses ahead anyway?

If Scotland backed independence, the result would inevitably be challenged – and the legal battle could go to the UK Supreme Court, based in London. Equally Salmond would claim moral victory – and it would be hard for London to ignore Scotland's will.

In The Independent


David Cameron estica a corda e brinca com o fogo, apesar de considerar controlado - e sabe que neste momento o referendo chumba a independência. Alex Salmond faz birras e só considera válido o que o seu Governo escocês decidir - só o quer em 2014, quando se assinalam importates momentos para a identidade escocesa.

Quererá o PSD ser responsável?

Ao fim destas três décadas, não se espera responsabilidade e sensatez do líder do Governo Regional da Madeira. Resta saber se o PSD/Madeira e o PSD/Nacional as têm ou comungam da visão de quem assume publicamente não querer ser responsável do que faz.

Sensibilidade das urtigas

A antiga ministra das Finanças Manuela Ferreira Leite afirmou na noite desta terça-feira que os doentes com mais de 70 anos que precisem de hemodiálise devem pagar os tratamentos.

Se acabarmos com a Saúde Pública num abrir e estalar de dedos acabamos com o défice.

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Temos líder na Coreia do Norte


Com um estilo de promoção 'à' Putin, Kim Jung Un demonstra estar preparado para liderar o país. Vale a pena ver o vídeo.

O referendo independentista escocês


Continua a ganhar caminho a intenção de realizar um referendo de independência na Escócia e David Cameron nem manifesta incómodo com esta consulta, desejando que esta até se realize no decorrer deste ano, de 2012.
Por enquanto, e de acordo com recentes sondagens, a maioria dos escoceses ainda prefere a manutenção do elo ao Reino Unido. Já o Partido Nacional da Escócia (SNP), defensor acérrimo da independência, pretende a consulta, que é vinculativa, mas só em 2014, quando se assinalam os 700 anos da batalha que opôs escoceses a ingleses (Bannockburn), ganha pelos escoceses.
A questão escocesa acabará, mais cedo ou mais tarde, por contagiar a agenda europeia, pois bastará pensar em casos tão próximos como os do País Basco e da "Padânia", para não enumerar outras.

Quanto à ordem interna britânica, este assunto ainda dará muito que falar.

Assad diz está perto da vitória

Syrian President Bashar Assad said Tuesday he will not step down, insisting that he still has his people's support.
"We will declare victory soon," he said in the speech at Damascus

Normalmente, estas palavras são prenúncio do oposto.

Dada a situação síria, na actualidade, o caso deve ser mais moroso do que a mudança na Líbia.

Uma fórmula estranha para gerar emprego

París y Berlín asumen que solo con austeridad no habrá empleo

Ontem reunidos, Merkel e Sarkozy, pela primeira vez em 2012, Berlim dá sinais de atenuar a sua austeridade, mas isso deve-se à situação interna, uma vez que a economia germânica não deverá ter em 2012 um ano tão bom como o anterior, pois pode estar à beira da estagnação. Mas ainda assim, considerar que só se cria emprego com austeridade, é uma fórmula só digna de Vítor Gaspar.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Monti sucede a Brown na coordenação do directório Paris-Berlim

Hoje, a imprensa espanhola dizia que Mariano Rajoy queria fazer parte do directório europeu, ao mesmo tempo que nota que Merkel e Sarkozy passam a contar com Mario Monti nos seus encontros.

Ora, a questão não está tanto em ser o Primeiro-Ministro de Itália a juntar-se ao dueto, que já deu provas de não saber, a dois, lidar com os problemas.

É evidente que o peso do país conta, e a Itália é uma gigante europeia, mas é a figura de Monti, um político, e não um tecnocrata como insistem em referir, com experiência e conhecimento da máquina europeia e da realidade mundial, algo que Sarkozy e Merkel, amiúde, demonstram não ter experiência para saber lidar.

Como há uns anos, em 2008 e 2009, quando Sarkozy e Merkel esperavam que Londres, leia-se: Gordon Brown, apresentasse propostas, no pico da pré-falência da banca, pois Paris e Berlim não sabiam actuar, a figura tutelar, agora, é de Monti.

Rajoy, como Merkel e Sarkozy, por mais que se esforcem, não são Monti. Agora, resta-nos a sensatez e a capacidade de Monti para saber lidar e encaminhar os dois ineptos do eixo Paris-Berlim.

Amigos do negócio da China

Eduardo Catroga, Celeste Cardona, Paulo Teixeira Pinto, Rocha Vieira, Braga de Macedo e Ilídio Pinho são alguns dos nomes propostos à Assembleia Geral de Accionistas para integrar o Conselho de Supervisão da EDP.

Se não tivessem ligação ao PSD e CDS e responsáveis destes dois partidos do Governo, poderia considerar-se a proposta destes nomes normal. Mas não é, e quem propôs sabe que não é, ainda assim avançou-se com a lista. Não são pentelhos, como diria Catroga noutro contexto.

Hungría se desliza hacia el fascismo

La Hungría democrática nos llama; la Europa institucional hace oídos sordos y da largas, llena de hipocresía. Sin embargo, aunque los Gobiernos europeos quieran perder el tiempo en burocracias y procedimientos paralizadores e irresponsables, es necesario que los ciudadanos europeos hagan de "la cuestión de Hungría" un problema suyo, una batalla suya. Una batalla que ya es inaplazable.

El Gobierno de Viktor Orban ha impuesto una nueva Constitución que pisotea los derechos democráticos mínimos que Europa considera vinculantes e irrenunciables para cualquier país que desee adherirse a la Comunidad. Se ha modificado la ley electoral a medida para facilitar al partido de Orban futuras victorias, se ha amordazado a la prensa y la televisión, los magistrados están sometidos a la voluntad del Ejecutivo, el Banco Central ha perdido cualquier margen de autonomía, y el nacionalismo y el racismo se han convertido en el aglutinante popular de este auténtico fascismo posmoderno.

Si la Hungría de Orban solicitase hoy la entrada en Europa, se encontraría con el rechazo, porque no cumple los mínimos requisitos democráticos. Pero el artículo 7 del Tratado de Lisboa especifica que un país miembro de la Unión Europea debe perder su derecho de voto cuando viola esos requisitos. Por tanto, es necesario que el Parlamento de Estrasburgo, la Comisión de Bruselas y los Gobiernos europeos de forma individual se movilicen de inmediato para aplicar dicho artículo con una intransigencia absoluta. Cualquier tendencia a esperar, de dejarlo en manos de la diplomacia, de actuar "gradualmente", serviría solo para animar al Gobierno de Orban a seguir por la vía que de forma tan arrogante ha emprendido y que amenaza con el contagio antidemocrático de toda la comunidad política continental.

Plegarse a la prepotencia de los poderes antidemocráticos, con la excusa del "mal menor", es una tentación eterna de las clases dirigentes y privilegiadas. Un ejemplo de trágicos protagonistas aquejados de este síndrome de vileza (que se convierte en ley del silencio) estuvo en Múnich, en 1938, en los tibios demócratas Chamberlain y Daladier, que cedieron ante unos antidemócratas coherentes, Hitler y Mussolini. Si la Europa de Merkel, Cameron y Sarkozy cede hoy ante Orban, si se limita a mirar hacia otro lado o a aprobar unas sanciones de fachada, estaría repitiendo, a escala reducida, la infamia del 38. Y, por favor, que no citen a Marx, que, a propósito de Napoleón III, dijo que la historia se repetía siempre, la primera vez como tragedia y la segunda como farsa. A veces ocurre así, pero, a veces, la nueva tragedia, aunque en formato pequeño, es para quien la vive tan devastadora como la anterior. Con el agravante de que la Alemania de Hitler era una potencia militar y económica que equivalía, por sí sola, al resto de Europa, mientras que el Gobierno de Orban se ve obligado a pedir ayuda al Fondo Monetario Internacional con la gorra en la mano y, si se le encerrase en un cordón sanitario europeo eficaz, tendría que acabar yéndose (igual que hizo el amigo Berlusconi). Es decir, la vileza de Merkel, Cameron y Sarkozy sería una vileza al cuadrado. Sería complicidad.

No es causalidad que Orban siempre haya señalado a Putin y Berlusconi como modelos, correspondiendo con ello a un ardiente apoyo por parte de ellos (Berlusconi declaró hace 10 años en Budapest: "Nuestros programas y nuestras políticas son idénticos, existe entre nosotros una sintonía extraordinaria"). Es una prueba de que la plaga del fascismo posmoderno, blando solo en apariencia, es una fuerza extendida y con un crecimiento amenazador, de la que Marine Le Pen y la derecha holandesa en la mayoría de Gobierno no son más que otras puntas de iceberg inquietantes.

Si queremos evitar el contagio, es necesario que tratemos a los apestados como apestados. Europa cometió un gran error al no intervenir contra Berlusconi durante casi 20 años y, si no interviene contra Orban, preparará su suicidio. Porque sancionar a Orban, privarle del voto en las instituciones europeas, significa apoyar a la república húngara, a los ciudadanos demócratas húngaros, que salieron a las calles cantando el Himno a la alegría de Schiller y Beethoven, ese himno adoptado por Europa como propio. Nuestro himno, si no queremos que Europa sea solo la de los mercaderes (con sus oídos sordos), los banqueros (con sus valores tóxicos construidos con bonus millonarios) y unos Gobiernos demócratas pero tibios (con su vileza y complicidad).

Paolo Flores D'Arcais
Publicado no El País, 07/01/11

Delegados ao Congresso do PSOE

Um bom gráfico, que permite conhecer melhor a eleição dos delegados ao Congresso do PSOE.

A luta entre Carme Chacón e Alfredo Pérez Rubalcaba está taco-a-taco.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Aumenta a imigração europeia na Dinamarca

Greeks and Italians come to Denmark

Além de gregos e italianos, portugueses, espanhóis e irlandeses estão a ir para a Dinamarca em busca de um futuro.

A Dinamarca já não é a sociedade tão próspera da década de 90, ainda assim oferece um conforto como poucos na UE.

Sinais dos tempos.

Um bom dia para Obama

A primeira eleição primária Republicana, ganha por escassa margem por Mitt Romney, acabou por se traduzir numa boa jornada eleitoral para Barack Obama.

O Presidente dos EUA, que neste momento não tem nenhum desgaste interno, devido a ser o único candidato Democrata na corrida à Casa Branca em 2012, continua a ser presenciado com uma campanha Republicana fraca e sem grande mobilização.

A vitória de 8 votos de Romney, frente a Santorum, no decisivo estado do Iowa, um swing State, significa mais dificuldades para os Republicanos do que para os Democratas.

A campanha continua a ser acompanhada, a par e passo, nos EUA 2012.

Um teste decisivo para Marrocos

El rey de Marruecos nombra al primer Gobierno presidido por un islamista

2012 será o ano do grande teste para a nova realidade política e constitucional de Marrocos.

No ano passado, o Rei, face às pressões, decidiu abrir o regime, a Constituição, via referendo, mudou, e, deste modo, forças que estavam condicionadas passaram a poder conquistar o poder, como acontece presentemente.

Não deverá ser uma convivência cheia de cooperação estratétiga, mas é do interesse dos visados e de Marrocos que esta experiência corra o melhor possível.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

A ultra-ortodoxia que mina Israel

O que se está a passar em Israel, com a tentativa de imposição de valores ultra-ortodoxos, é um péssimo sinal de uma sociedade que se quer baseada na Justiça e não desconsidera a Pessoa, por ser Mulher ou Homem. A ler este artigo de Nehemia Shtrasler, publicado no Haartez.

It’s time to cure the disease of ultra-Orthodox education

Blessed be the yeshiva student who scared the little girl on her way to school. Blessed also be the one who spit at and cursed female passersby. Blessed be the ultra-Orthodox man who called the female soldier a prostitute, and blessed be those who demonstrated in striped prisoners' garb and stuck yellow stars on their clothing.   

All this taken together might finally shake up the secular majority and force it into action. All this might make 90 percent of the population understand that there's no point in condemning the spitter or putting the one who cursed on trial. They are merely symptoms of a serious disease, and whoever deals merely with the symptoms is wasting his time and could even make the disease worse.

The disease is ultra-Orthodox education. It's an education that puts young Haredim through a thorough brainwashing, which ends with them believing that democracy is the evil regime, that equal rights for women is totally treif, that freedom and humanism are only good for the goyim, and that studying math, English and history is idolatry. They also learn that to go out and work for a living is a terrible embarrassment, and that to serve in the army is worthy of contempt, suited only to the secular donkey - who is stupid enough to sacrifice his life for the "homeland."         

Young Haredim are educated to totally despise the values of the secular state, which is why they have no problem scaring a little girl or calling policemen Nazis. Their leaders have a clear goal: To provide the community with good living conditions at the expense of the secular donkey, who they believe should work hard, pay taxes and sacrifice his life in the army. Thus they can continue to shirk their duty while continuing to blackmail.         

The part that's especially galling and absurd is that the secular majority, in its foolishness, is financing this destructive process. It gives huge budgets to the independent Haredi educational system. It gives allowances to married yeshiva students, as well as grants that are far higher than what a soldier gets during his compulsory service, or a student studying medicine or engineering. This is because the secular population is suicidal. It is slowly but surely wiping itself out with its own hands.         

Just now, following the events in Beit Shemesh, Prime Minister Benjamin Netanyahu suggested a solution: Divide Beit Shemesh into two, a Haredi city and a religious-secular one. Interior minister and Shas chairman Eli Yishai immediately objected. Yishai understood that a Haredi city couldn't survive because it would be "without revenues, without arnona [city taxes] and without industry."
In other words, without the secular-national religious donkey bearing the burden, there would be nothing from which to give those Haredi families with many children. It would be impossible for them to finance their education, health care, welfare, ritual baths, synagogues, yeshivas and kollels - yeshivas for married men.         

As we speak, Beit Shemesh is planning a new neighborhood with 25,000 apartments, but the government is marketing those apartments at Haredim at cost price. In other words, despite the recommendations of the Trajtenberg Committee, the Haredim are the ones who will get land at half price, in addition to large discounts on taxes. All this comes on the backs of the religious and secular taxpayers.         

Only last week, Yishai suggested changing the tables for arnona discounts so that large families in small apartments with low incomes get a bigger break.         

So we have to stop dealing with symptoms; it's time to cure the disease. In other words, to do away with the independent education systems of Shas and Agudat Yisrael, and force every child in Israel to study the same general curriculum, as in France. Whoever wishes can teach his children Mishna and Talmud in the afternoon.         

All the Haredi draft evaders should be drafted into the Israel Defense Forces for three years, like any other citizen. Everyone has to help protect the country. The support given to yeshivas and kollels from the state budget should be totally stopped, which will force the Haredim to go to work. In no part of the Diaspora, neither in Poland nor in Morocco, did Jews even dream of living as parasites at the public's expense.         

But knowing where we live, and what's important to Netanyahu, we can assume that this call will fall on deaf ears and we'll take the slow-but-sure route to oblivion.          

É tempo de defender a Democracia e a Liberdade na Hungria

Fin décembre, le président de la Commission, José Manuel Barroso, a adressé une lettre - la deuxième en quinze jours - à M. Orban pour le metter en garde contre les risques de sa politique. Cet avertissement ne semble guère avois eu d'effet, pas plus qu'une lettre d'Hillary Clinton dans le même sens. L'UE a encore la possibilité de recourir à l'article 7 du traité de Lisbonne, qui prive du droit de vote les Etats membres violant les règles démocratiques.

Ontem, à noite, em Budapeste, muitos húngaros saíram à rua para protestar com a nova Constituição magiar, entrada em vigor no primeiro dia deste ano, pelo atendado à Liberdade e o fim da separação de poderes.

É tempo da UE deixar de escrever cartas a Viktor Orban e tomar medidas para defender a Liberdade e a Democracia na Hungria. Afinal, uma das condições primeiras para aderir, são os ideais de Liberdade, que o actual Governo de Orban está a cortar.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Aceita-se sempre a oferta mais alta quando não há estratégia

Li, hoje, este artigo de Marques Mendes, um dos novos cronistas da praça lusa.

Infelizmente, ainda há quem continue a considerar bom o negócio do Estado português com a chinesa "Três Gargantas". Nem mesmo depois do empresário chinês ter dito que a compra foi barata há qualquer reconhecimento da facilidade da venda, que Portugal devia ter feito cara.

Marques Mendes aplaude o negócio feito e vê grandes virtudes na China. Uma economia pujante, será a líder mundial dentro de algum tempo e quer entrar no mercado energético europeu, razões de sobra para Portugal se render a Pequim, destaca o antigo Ministro do PSD.

Do lado chinês, considero o investimento pertinente e válido. E até acabou por ser uma compra a preço de saldo.

Porém, o que Marques Mendes assim como os nossos governantes não entendem, é que Portugal também joga um papel estratégico importante e a energia é um sector vital nesta era. Basta atender, desde logo, à falta de uma política energética comum na UE e como a Rússia beneficia disso, com pesadas consequências para os consumidores europeus. A energia é um dos sectores mais importantes e, ao mesmo tempo, mais debilitantes do projecto europeu. Mas por cá, isso não é entendido.

E, nesta lógica europeia, de cada Estado por si, Portugal, quando devia saber lidar com o Brasil, outro dos interessados na aquisição da EDP, o nosso País acabou por desbaratar uma das alavancas do projecto lusófono.

É certo que a oferta brasileira não era tão boa como a chinesa, mas devia comportar um leque de negócios noutros domínios e que, provavelmente, Brasília poderia ver com bons olhos, até porque há domínios em que o Brasil carece de investimento e as empresas portuguesas podiam/podem desempenhar um papel importante.

Talvez Marques Mendes desconheça que o Brasil é outra das potências económicas mundiais, a 6ª actualmente, e com quem temos afinidades ainda mais ancestrais do que temos com a China. Talvez Marques Mendes desconheça a previsão económica de que até ao final desta década o Brasil esteja à frente de todas as potências europeias, o que significa, ultrapassar a França e a Alemanha, e estar nos primeiros lugares mundiais, a par dos EUA e da China.

Infelizmente, para os nossos governantes, o Brasil, como Angola, apenas servem para enviar os nossos professores de português e jovens quadros. E os nossos comentadores do regime acabam por aplaudir o que nos sairá caro.

Almada com contas em dia e as famílias sem pré-escolar público

O município de Almada garantiu hoje que vai entrar em 2012 com "saldo positivo e sem qualquer dívida vencida a fornecedores e/ou empreiteiros", sublinhando que considera tratar-se de um "caso inédito no país".

Esta notícia merece o aplauso, pela gestão financeira exemplar do Município de Almada, há anos liderado por Maria Emília Sousa.

Todavia, é de referir que há áreas cruciais, como a Educação, na qual o PCP não tem praticamente investido qualquer cêntimo.

Como refere, e bem, Paulo Pedroso, há pouquíssimos lugares no pré-escolar público e a aceitação das crianças só é feita a partir dos 5 anos. Assim é mais fácil atingir um saldo positivo.

Para quem se diz tão amigo das pessoas, bem que a Educação devia merecer mais consideração num concelho que conta com uma faixa significativa de jovens casais.

Se há domínios em que o Poder Local faz uma grande diferença, a Educação é uma delas, e é, sublinhe-se, nevrálgica para o futuro da comunidade e do País.

Passos e Rajoy são discípulos da trágica cartilha merkosista

Nenhum Primeiro-Ministro, em Portugal e em Espanha, chegou ao poder com tanta informação e conhecimento do estado do seu país e da realidade que tinha pela frente, como chegaram Passos Coelho e Mariano Rajoy.

Com a vasta e pormenorizada informação que tinham, ambos fizeram uma campanha eleitoral cinzenta (é tempo de começarmos a valorizar as campanhas, pois é neste período que se apresentam as propostas que depois, ao longo de uma legislatura devem ser apuradas do seu cumprimento ou não, e se não porquê). Não se comprometeram com muita coisa, a não ser o amor ao seu país, algo que qualquer candidato, em estado de normal lucidez tem, seja de direita ou de esquerda.

Nas campanhas que fizeram, tanto o líder do PSD como do PP, ambos prometiam, nas parcas palavras expressas, que não aumentariam os impostos. Passos Coelho, no dia 1 de Abril, mais conhecido como o dia das mentiras, qual coincidência do destino, chegou a dizer a uma rapariga, em Portugal, que cortar os subsídios (Férias e/ou Natal) era uma pura invenção. Escassas semanas, depois de ter assumido a chefia do Governo, a invenção tornou-se realidade.

Em Espanha, Mariano Rajoy quase que nem queria fazer campanha, para não se expor muito, ainda assim disse que não subiria os impostos. Ora, poucos dias depois de suceder a Zapatero, Rajoy decreta a subida de impostos.

Ambos eram tão hábeis a condenar os Governos socialistas, de Sócrates e Zapatero, mas uma vez encontrados no poder, não só aumentam a pressão fiscal como, pior, começam a desmantelar o Estado Social. Algo que os Governos socialistas peninsulares tudo fizeram para não debilitar.

Tudo é feito em articulação com a Chanceler alemã, para cair nas boas graças do Governo alemão, numa total irresponsabilidade. E nem por um único momento tem lugar a questão: o rumo que está a ser seguido é o correcto para o futuro de cada país?

É certo que os tempos são difíceis e as medidas de rigor são indispensáveis, porém não podem ser um fim em si mesmo, como defende o Governo alemão.

Se há quem ainda tem dúvidas de políticas de esquerda e direita, a crise é um exemplo das diferenças que existem. Enquanto a esquerda assume a austeridade, a direita impõe a asfixia. 

O barómetro austríaco dá maus sinais para a UE

A Áustria é um dos melhores barómetros europeus. É um dos países mais ricos e com melhores condições e os sinais transmitidos pela sua comunidade são um sinal de como estão os momentos actuais, pois acabam por traduzir o que de melhor têm os Escandinavos e as dificuldades que sentem os países com menos condições.

Nesta notícia, sabemos que os conservadores austríacos (ÖVP), no Governo em coligação liderada pelos sociais-democratas (SPÖ), pretendem reduzir os gastos com o Serviço Público de Saúde.

Se continua a progredir a posição da direita europeia, de privatizar a Saúde, no caso austríaco há outro factor relevante a considerar: a força da extrema-direita. Ora, neste momento, a principal formação de extrema-direita, o FPÖ, está a par com o SPÖ na liderança das sondagens. E o ambiente, de crise, é propício à progressão da extrema-direita.

Vale a pena não esquecer a História dos últimos séculos e não ignorar a importância da Áustria na Europa.

Se a vizinha Hungria já tem um Governo nacionalista, bem se dispensa o mesmo rumo em Viena.