terça-feira, 31 de janeiro de 2012

A UE devia mudar de hino

Na vida, como na morte, a Europa tem um brio muito próprio e os grandes compositores do nosso continente souberam como ninguém melodiar de forma tão admirável a Luz como as Sombras.

Por isso, escrever sobre o Conselho Europeu de hoje seria quase uma repetição do que já se disse nos anteriores encontros. Enquanto tivermos quem temos em Paris e, sobretudo, em Berlim, não vale a pena esperar pela retoma que ambicionamos, a não ser a apneia constante.

Ao menos façam-nos o favor de mudar, oxalá que de modo temporário, o hino europeu, e ao trabalho de Beethoven, apresentar esta peça de Mozart. Sempre temos o direito à Dignidade.

A sangrenta luta mexicana

 
Neste interessante artigo, é realçado o facto de Obama, no discurso da semana passada, no Capitólio, não ter referido a situação perigosa que se vive no México. De facto, os números dos últimos anos são aterradores, mas não é tida em consideração o outro lado da moeda, ou seja, a forma como os cartéis de droga mexicana se entranharam e ganharam fortes raízes numa das potências mundiais (o México faz parte do G20).

A política do Presidente Calderón tem esta marca negativa e inapagável, mas representa o começo de um combate ao narcotráfico sem precedentes e que o México precisa de travar pelo seu futuro, e foi, durante décadas, ignorado pelo poder político, que se acomodou e viu crescer impunemente os cartéis de droga, de alcance mundial.

Tal como na Colômbia, que é um bom exemplo do árduo mas bem sucedido combate, este não é um assunto fácil e não é um combate só do México e dos EUA, é de todo o mundo. Os cartéis mexicanos são dos mais poderosos e geram milhões de dólares todos os dias. Ignorar este facto, pensando que se trata de uma questão regional, é um erro. Parte significativa da droga que circula na Europa tem origem no México ou provém dos cartéis mexicanos.

Faltam poucos meses para as presidenciais mexicanas e vale a pena acompanhar o debate que se gera, até por esta questão do combate aos cartéis ser relevante. Irão os candidatos apoiar ou recusar o caminho árduo, mas necessário de Calderón?

Uma campanha a seguir.

sábado, 28 de janeiro de 2012

A europeização da extrema-direita


Ontem, no dia em que se assinalava o Dia da Memória do Holocausto, destacados políticos da extrema-direita europeia juntaram-se num baile de gala, na capital austríaca.

O cimento que os une - o ódio, a xenofobia, a exclusão e o radicalismo - está a consolidar-se e a cativar várias camadas da população, descontente com a situação que vivemos actualmente. E a tendência é de crescer.
 
O encontro de ontem, em Viena, não é resultado de coincidências de data, mas um claro sinal do que está a acontecer e começa a ter contornos semelhantes à década de 20 e 30 do passado século.
Se a esquerda democrática está em crise, a direita democrática está em decadência, ao mesmo tempo que a extrema-direita está a crescer (algo a desenvolver em próximos posts).

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

A falta de respeito pelo Poder Local e de não melhorar o Poder Central

Governo ensaia regionalização com novo modelo de gestão autárquica

"É um verdadeiro choque reformista", afirma o ministro Miguel Relvas

Miguel Relvas já tivera uma passagem pouco abonatória no Governo de Durão Barroso, quando, então na qualidade de Secretário de Estado, criou as Comunidades Intermunicipais. Apenas umas medidazitas para dizer que se estava a fazer alguma coisa pelo Poder Local.

Agora, como Ministro, diz que está a fazer um "choque reformista". Na verdade, o Governo continua a assumir medidinhas e que pouco valorizam o Poder Local português e não cumprem o desígnio que devia ser central: servir melhor as pessoas.

O Governo diz, e bem, que há freguesias a mais, por isso é preciso diminuir o número de freguesias, ao mesmo tempo que manifesta desejar, acertadamente, dar mais poderes às freguesias. Para esta reforma ser consequente e coerente, é preciso pensar no todo, ou seja, no Poder Central e no Poder Local, de modo integrado e complementar. O tempo que vivemos, de dificuldade e forte contenção, não devia ser de testes ou pretensões, mas de uma Reforma digna desse nome, não uma mudança que deixará quase tudo como está. Aliás, o momento é mais do que adequado para operar a mudança necessária.

O País precisa de uma regionalização que transfira poderes de Ministérios pesados e embrulhados em si, como o da Educação e da Saúde, para o nível regional. A par da regionalização, o papel das Câmaras e Assembleias Municipais, assim como dos órgãos de freguesias, têm de ser repensados e reequacionados à lógica da nova transferência de poderes, que, por sua vez, terá de requerer a passagem de poderes do nível nacional e regional (das diversas Administrações) para a regional e municipal e, finalmente, mas não menos importante, transferir poderes dos municípios para as freguesias, deixando estas de ter o carácter de passadores de atestados de residência e registar e licenciar animais domésticos, enquanto esperam pela delegação de competências do município.

Relvas pode dizer que está a ser corajoso e corresponde, deste modo, ao acordado com a troika, mas na verdade, nem arrojo nem convicção tem, porque o Poder precisa de ser pensado e redifinido em todo o País (excepção nas Regiões Autónomas) e reconhecer a importância de cada organização, algo que não existe, caso contrário o Poder Local não seria e continuará a ser um parente pobre.

Assim, estamos a ter uma versão de medidinhas, em vez da Reforma necessária. O Poder continuará centrado nos Ministérios em Lisboa e, por incrível que pareça, Lisboa, o seu concelho e a sua área metropolitana, é uma das primeiras vítimas. Só não é mais evidente e gritante por a capitalidade disfarçar muita coisa, como o facto de ter benefícios, de centralidade, que outras áreas, a começar pelas do interior, infelizmente, não têm.

O grande perigo da extrema-direita francesa


Há dias, quando Sarkozy visitou a Guiana francesa, transpirou a notícia de que o actual Presidente francês dá por perdida a sua corrida, dado o quadro actual, de vulnerabilidade da França. Para quem se apresentou em 2007 como o homem que ia transformar a França, a mudança registou-se, sem dúvida, mas no sentido inverso ao prometido. O homem disse que se a França perdesse o triplo A "morria". Ora, a França perdeu, mas não está morto, apesar de andar moribundo.

Agora que faltam três meses para as eleições saem mais sondagens e esta, que apura a confiança que os franceses atribuem a cada candidato para lidar com os diversos desafios sectoriais, atesta como em nenhum dos nove items Sarkozy seja considerado melhor que os seus oponentes. Hollande destaca-se em sete e com grande vantagem numa das áreas mais sensíveis, que o candidato socialista tem destacado: a pobreza e a precariedade. A outra pessoa que se destaca é Marine Le Pen, que bate os seus adversários nos assuntos clássicos da extrema-direita: a imigração e a insegurança.

Se pode haver razões de satisfação pela derrota iminente de Sarkozy, apesar de ser prematuro desconsiderar o líder da UMP, há um factor a considerar e bem perigoso: Marine Le Pen. A candidata da Frente Nacional arrisca-se a passar à segunda volta, perante a fraqueza de Sarkozy.

Todos os candidatos têm feito e vão continuar a fazer do ataque ao Presidente gaulês, com trágicos resultados para apresentar dos seus cinco anos de mandato, uma das armas de campanha. Se esta crítica torna mais frágil a candidatura de Sarkozy, faz, também, um apelo implícito à mudança de parte do eleitorado da UMP, cada vez mais perto da FN, do que propriamente do MoDem, de Bayrou, ainda que este possa ser um dos beneficiados, por parte da direita moderada desiludida com Sarko.

Ora, é aqui que reside o grande problema. Marine Le Pen não corre só para as presidenciais de 2012, o seu projecto é de fundo. E estrear-se numa eleição, ela que substitui o pai pela primeira vez na corrida presidencial, com uma passagem à segunda volta seria ouro sobre azul. Razão pela qual é importante que não se entenda as presidenciais francesas deste ano como a derrota de Sarkozy, pois a direita democrática gaulesa pode estar em causa.  

O “sonho francês” é essencial para o futuro da Europa

Escrevi um artigo, no Acção Socialista, que saiu na edição, deste mês de Janeiro, referente à eleição presidencial francesa.


O “sonho francês” é essencial para o futuro da Europa

A França é um dos grandes esteios europeus, tanto pela sua dimensão de país fundador do projecto europeu como pela sua dimensão, dada a sua História, Cultura, centro de excelência mundial. E, para nós, portugueses, a França tem um valor relevante, pois foi o país para onde muitos portugueses emigraram, em busca de um futuro que o Portugal amordaçado não lhes garantia. Além desta ligação afectiva, o país das Luzes tem para nós, socialistas, um significado muito especial: é um dos berços dos nossos valores políticos e foi com os socialistas franceses que pudemos contar, num momento crucial do nosso País, para conquistar e consolidar a Democracia em Portugal.

Tudo isto reporta a um período de grande pujança económica, social e cultural de França, que teve nos mandatos de François Mitterrand (de 1981 a 1995) o seu expoente máximo. E esta liderança fez com que se registassem grandes avanços, políticos e sociais em França e na União Europeia, dos quais, nós, portugueses, beneficiámos directamente, desde logo, pelas vantagens conquistadas com a nossa adesão ao projecto europeu, em 1986.

Desde a saída deste histórico socialista, a França entrou num declínio que aflige, pois apesar de grande, a França deixou de ser o gigante europeu de outros tempos, como a recente perda do triplo A comprova.
Se os dois mandatos de Jacques Chirac (de 1995 de 2007) contribuíram para a decadência, este mandato desastrado e erróneo, iniciado por Nicolas Sarkozy em 2007, acabou por a acentuar.

Não é pois, por acaso, que o mau estado da UE, hoje, seja um reflexo directo da vulnerabilidade francesa actual, pois ambas estão intimamente ligadas e dependentes.

É, por isso, que as eleições presidenciais francesas, que se vão realizar a 22 de Abril (primeira volta) e 6 de Maio (segunda volta), são determinantes para os franceses e para os europeus. Da opção dos gauleses vai depender o futuro da França e da UE. E esta eleição tem uma particularidade importante: vai ser das mais disputadas de sempre, uma vez que estão presentes várias candidaturas, que traduzem as várias sensibilidades existentes no país.

Se a extrema-direita já adquiriu o seu lugar de destaque na sociedade, o que já é bastante preocupante, e é bem possível que uma das candidaturas na segunda volta seja a de Marine Le Pen, a direita apresenta-se dividida, com Nicolas Sarkozy e Dominique Villepin. A esquerda radical, como sempre, apresenta-se com várias candidaturas. Mas, para já, o grande favorito, assim se espera que continue, é François Hollande, o candidato socialista.

Hollande tem apresentado uma análise muito lúcida da actualidade. Reconhece o enfraquecimento de França e sabe que isso é uma séria ameaça ao futuro dos franceses.

O seu projecto, “o sonho francês”, procura retomar as causas da promessa republicana, ou seja, garantir às gerações seguintes condições melhores do que tiveram as precedentes.

O desafio é elevado e não será fácil de cumprir, tendo em conta os ataques que está a sofrer o Estado Social, sem esquecer o estado da economia. Mas há uma coisa que nós, socialistas, sabemos por experiência própria, não foi com desistências nem conformismos perante as dificuldades que conseguimos operar as transformações que deram à sociedade os ganhos e os progressos desejados. Aliás, sempre que fraquejámos, registaram-se recuos e assinalaram-se perdas, mas sempre que enfrentámos os problemas e os obstáculos, acreditando nas nossas causas, sendo fieis aos nossos valores e dando o nosso melhor, o Socialismo triunfou e contribuiu decisivamente para melhorar as condições de vida das pessoas.

É, pois, com base no sonho que Hollande quer tornar realidade, que nós, europeus, também devemos ambicionar a sua indispensável vitória.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

A vergonhosa condenação de Baltasar Garzón

"El mundo entero está mirando", advertían ayer los observadores internacionales que acuden hoy a vigilar el juicio contra el juez Baltasar Garzón por su investigación de los crímenes del franquismo. "Es la primera vez en democracia que vienen al Supremo a supervisar un juicio", subrayó José Antonio Martín Pallín, magistrado retirado de ese mismo tribunal. "El mundo entero tiene los ojos puestos en este juicio y en las represalias que se están aplicando sobre Garzón". "La justicia española se está haciendo daño a sí misma", insistió uno de esos observadores, el consejero jurídico de Human Rights Watch Reed Brody.

Del que empieza hoy, subrayaron que "es la primera vez" en la Unión Europea que se sienta a un magistrado en el banquillo por investigar violaciones de derechos humanos


"Abandonar a un juez que aplica el derecho internacional en auxilio de las víctimas de graves violaciones de derechos humanos es atentar contra uno de los pilares del Estado de derecho".


O que se está a passar em Espanha é vergonhoso. Procura-se condenar em Tribunal quem quer e sempre se bateu pela Justiça.

A grande incógnita egípcia


A Irmandade Muçulmana ganhou as eleições e tem quase a maioria absoluta do Parlamento. Se juntarmos as outras forças políticas islâmicas, registam-se 75% do domínio da Assembleia.

Não deixa de ser uma grande incógnita, vista com receio quanto ao futuro do país, um dos mais importantes do Mediterrâneo. A seguir, com muita atenção.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

As virgens de Cavaco

Parece que anda por aí há solta um conjunto de arrependidos com Cavaco Silva, pelo que disse há dias, da sua reforma mal dar para pagar as despesas.

Estas virgens, que votaram em Cavaco em 1985, 1987, 1995, 2006 e 2011, dizem que se envergonham de ter dado o seu voto ao actual Presidente da República.

Francamente, depois de tantos anos, em que um dos mais políticos dos políticos portugueses, Aníbal Cavaco Silva de seu nome, apesar de o negar constantemente, ele "apenas" foi Ministro das Finanças, Primeiro-Ministro e é Presidente da República, reconhecem, actualmente, a vergonha que têm de ter dado o seu voto a Aníbal Cavaco Silva?

Parecem aqueles comunistas defensores dos Direitos Humanos, ao mesmo tempo defendiam a invasão da Hungria e da Checoslováquia, e só quando caiu o Muro de Berlim é que descobriram que a União Soviética era uma ditadura totalitária.

Não posso culpar Cavaco, mas sim quem se quis iludir e deu o poder a quem pouco pouco fez pelo País, no período da era democrática lusa que mais condições teve para construir um Portugal moderno e inovador, graças aos fundos que pingavam gotas chorudas de dinheiro todos os dias.

Se Cavaco triunfou, e esse é um dos falhanços do Portugal democrático, deve-se a quem quis um Portugal pequenino e envergonhado de si mesmo. Agora não se envergonhem do "monstro" que criaram, ele nunca mudou, foi sempre o mesmo. 

domingo, 22 de janeiro de 2012

Discurso de François Hollande


O magnífico discurso proferido, hoje, por François Hollande, no arranque da candidatura ao Eliseu, está disponível aqui (vídeo e texto).

As boas e más notícias das presidenciais finlandesas


El ultraconservador Tino Soini sufre un gran varapalo y pierde el impulso de las legislativas

Boas e más notícias da primeira volta das presidenciais finlandesas. As boas: toma liderança um candidato europeísta e passa à segunda volta o candidato do Partido Verde. A queda da extrema-direita, perde metade dos apoios de há nove meses, aquando das legislativas, também é de assinalar.

As más: os sociais-democratas, formação que tem liderado a Chefia de Estado nas últimas décadas, perde um terço do eleitorado e tem um resultado mau, pouco mais de 6%.  

sábado, 21 de janeiro de 2012

Razões para assassinar Obama


Adler, who has since apologized for his article, listed three options for Israel to counter Iran’s nuclear weapons in an article published in his newspaper last Friday. The first is to launch a pre-emptive strike against Hamas and Hezbollah, the second is to attack Iran’s nuclear facilities and the third is to “give the go-ahead for U.S.-based Mossad agents to take out a president deemed unfriendly to Israel in order for the current vice president to take his place and forcefully dictate that the United States’ policy includes its helping the Jewish state obliterate its enemies.”  

O Irão é uma grande ameaça regional e mundial, daí a urdir uma teia para debilitar o Irão que passa pelo assassinato de Barack Obama, há uma diferença abissal.

Tendo em conta os tempos que correm, não me admiro nada que algumas cabecinhas equacionem esta tese esdrúxula, como sucedeu e foi publicado. Obama nunca foi apreciado pelos radicais israelitas, por defender a Paz e, com isso, reconhecer o Estado da Palestina.

Como esta campanha presidencial norte-americana demonstra, para o bem de Israel e da região, Obama é, sem dúvida, o melhor aliado, do que qualquer candidato Republicano.

Berlusconi volta a esticar a corda


A direita italiana, menos de dois meses depois de ter saído do poder, começa a aprofundar as brechas abertas face ao Governo Monti, que apoiou, na investidura.

Não é a primeira vez que Berlusconi dá sinais de impaciência com o Executivo. A sede e dependência do poder começa a sentir-se e por este andar o PdL (formação de il Cavalieri) bem pode começar a forçar eleições antecipadas dentro de alguns meses.

A esquerda, por seu turno, e bem, pretende que o mandato de Monti termine em 2013, com o fim da legislatura. Em suma, em Itália, com a excepção do actual Governo, constituído à margem dos partidos, tudo continua igual. Assim é difícil operar as mudanças necessárias, ainda que Monti continue a demonstrar uma paciência e estofo fora do comum.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

A boa moeda do Presidente e a má moeda do Cidadão Cavaco Silva


Cavaco Silva acabou, finalmente, por dar voz à realidade de milhares de portugueses reformados. O Presidente da República está, por isso, coberto de razão, tendo em conta as décadas que muitas pessoas descontaram e as míseras pensões que auferem hoje em dia.

Todavia, o cidadão Cavaco Silva, um priveligiado na sociedade portuguesa, a quem nunca faltará, felizmente, comida na mesa e dinheiro para comprar os medicamentos que precisa de tomar, roubou o espaço público do Presidente da República e apropriou-se da função do Chefe de Estado para reclamar para si, cidadão Cavaco Silva, o que nunca faltará a quem vive em Belém.

Se o Presidente da República esteve bem, pois chamou a atenção para um problema que afecta milhares de pessoas em Portugal, o cidadão Cavaco Silva usurpou o espaço que teve à sua disposição.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Quem mais debilita os trabalhadores quer dar lições de Direitos


Há muito que a CTGP se demitiu das suas responsabilidades. Nunca quis fazer parte de soluções, limitou-se a ser contra os problemas, sem, no entanto, com essa postura, salvaguardar, de facto, os direitos dos trabalhadores.

Há anos que a CGTP passou a comportar-se como um treinador de bancada. Condena tudo e todos e não faz qualquer distinção de propostas. É contra e ponto final, assunto encerrado. O País sabe isto, a começar nos filiados da CGTP, mesmo aqueles que não apreciam este rumo.

Agora, e na sua tradicional posição de se demarcar dos genuínos interesses dos trabalhadores, que não são protegidos com berros na rua e protestos, que a CGTP banalizou e por isso hoje milhares de portugueses encaram a greve como um obstáculo e não um aliado dos direitos laborais, como devia, a CGTP, numa atitude da mais deplorável, quer condenar a UGT.

O acordo da Concertação Social que a UGT assinou não é, como se percebe com facilidade, e só a má fé pode considerar o contrário, o documento desejado pelos trabalhadores, e por isso João Proença não adicionaria a sua assinatura, em nome da UGT, por mero gosto, mas sim porque havia mais em causa, como a contratação colectiva.

A UGT assumiu o seu compromisso, que legitimamente pode ser criticado. Mas devemos ser objectivos e deixar-nos de onirismos, tendo em conta a realidade actual. Eu considero que João Proença teve muita coragem e fez aquilo que, provavelmente, lhe custou mais em toda a vida sindical, mas há momentos em que é preferível ter um pássaro na mão do que dois a voar.

Quem menos tem legitimidade para criticar a UGT, como a CGTP, desde logo por que se demarca da sua missão, e ainda anda na rua insultar o líder de outra central sindical, num gesto deplorável de camaradagem de quem tem os mesmos propósitos, quer, agora, dar lições e punir Proença pelo que expressa em Liberdade.

A GCTP devia ter vergonha do que quer fazer. Gosta de dar-se ao luxo de tudo, menos daquilo para que existe: defender os trabalhadores.

Como sempre, a mania da superioridade. Mas esta, como o tempo está a demonstrar, apenas serve para debilidar as condições laborais em Portugal. Ou teremos dúvidas que UGT e CGTP, sentadas, até ao fim, nas negociações, não obteriam um resultado mais positivo?

Chega de hipocrisia! Em vez de condenar a UGT, a CGTP deve reflectir o que anda a fazer há décadas.

Riqueza no Mediterrâneo oriental

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Investimentos que procuram captar riqueza e gerar emprego



At present, the British aviation industry says the nation is losing out to rivals airports such as Schiphol in Amsterdam and Paris Charles de Gaulle.


"The recognition today is that it matters to the UK economy, to jobs and to growth. There's no reason why any option should be ruled out."

Os britânicos já perceberam que têm um sério problema, em termos de concorrência aeroportuária no quadro europeu, e têm de ser tão ou mais competitivos que os principais concorrentes, se quiserem obter benefícios económicos.

A aposta na construção de um novo aeroporto em Londres, que se assuma como um hub europeu, vem corresponder a este desígnio, ao mesmo tempo que é ancorado na geração de riqueza e criação de emprego.

O Governo de Londres é conservador e, ao contrário das teses tradicionais da direita, não enjeita o investimento, com os propósitos óbvios: ter proveitos. Por cá, temos um Governo de direita que continua a conceber o investimento nas obras públicas como nas décadas de ouro do cavaquismo: investir só por investir. Como a situação é de aflição, e a lógica do investir só pelo investimento não se enquadra no período de recessão, continua-se a conceber o novo aeroporto de Lisboa, que não pode (apesar de) ser secundário no quadro Ibérico, e o TGV, essencial na rede europeia de alta velocidade, como um luxo. Num total desprezo das oportunidades que se podem e devem abrir à economia lusa.

Seria bom que os governantes portugueses pudessem aprender alguma coisa com os homólogos britânicos. O investimento nas infra-estruturas não é um fim, mas um meio. Em Portugal, com o cavaquismo e com o actual Governo, as infra-estruturas são concebidas como um fim, e não um meio, por isso o País não retira proveitos. Assim, em vez de progredirmos andamos a marcar passo. 

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

A família Kirchner

El hijo de la presidenta argentina acumula influencias en los círculos de poder

Um nome a reter no futuro da Argentina: Máximo Kirchner, filho do antigo Presidente Nestor Kirchner e da actual Presidente, Cristina Kirchner.

O clã continua!

Ainda não são os eurobonds, mas já há Deutschlandbonds

la chancelière vient d'apporter son soutien à l'adoption de «Deutschlandbonds», des bonds allemands visant à gommer les disparités entre les Länder les plus riches et les plus pauvres.

Merkel começa a fazer o caminho, ainda que só o faça a nível interno.

Se a Chanceler alemã aplicar a mesma lógica germânica à escala europeia conseguirá defender muito melhor os alemães do que pensa. 

Já faltou mais para os eurobonds? Provavelmente!

O fim da Coreia do Norte?


Não estaria tão optimista como o irmão do novo líder norte-coreano.