No dia em que se comete uma INJUSTIÇA em Espanha, com a determinação de Baltasar Garzón estar impedido de exercer a sua função de juiz, por ter determinado fazer escutas a acusados, vale a pena ler as palavras que a filha do juiz espanhol escreve no dia de hoje:
A los que hoy brindarán con champán
Esta carta está dirigida a todos aquellos que hoy brindarán con champán por la inhabilitación de Baltasar Garzón. A ustedes, que durante años han vertido insultos y mentiras; a ustedes, que por fin hoy han alcanzado su meta, conseguido su trofeo.
A todos ustedes les diré que jamás nos harán bajar la cabeza, que nunca derramaremos una sola lágrima por su culpa. No les daremos ese gusto. Nos han tocado, pero no hundido; y lejos de hacernos perder la fe en esta sociedad nos han dado más fuerza para seguir luchando por un mundo en el que la Justicia sea auténtica, sin sectarismos, sin estar guiada por envidias; por acuerdos de pasillo.
Una Justicia que respeta a las víctimas, que aplica la ley sin miedo a las represalias. Una Justicia de verdad, en la que me han enseñado a creer desde que nací y que deseo que mi hija, que hoy corretea ajena a todo, conozca y aprenda a querer, a pesar de que ahora haya sido mermada. Un paso atrás que ustedes achacan a Baltasar pero que no es más que el reflejo de su propia condición.
Pero sobre todo, les deseo que este golpe, que ustedes han voceado desde hace años, no se vuelva en contra de nuestra sociedad, por las graves consecuencias que la jurisprudencia sembrada pueda tener. Ustedes hoy brindarán con champán, pero nosotros lo haremos juntos, cada noche, porque sabemos que mi padre es inocente y que nuestra conciencia SÍ está tranquila.
Madrid, 9 de febrero de 2012
María Garzón Molina
Precisamos de uma nova sabedoria dos limites e uma inteligência para entendê-los como uma oportunidade para levar a cabo uma política em que voltemos a combinar efectividade e democracia. Daniel Innenarity
quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012
A dicotomia do perigo
Netanyahu: PA President must choose between peace with Israel and peace with Hamas
A chantagem de Netanyahu não faz o mínimo sentido, desde logo por causa do futuro de Israel. Ter o Hamas sentado à mesa é tão importante como contar com a Fatah.
A chantagem de Netanyahu não faz o mínimo sentido, desde logo por causa do futuro de Israel. Ter o Hamas sentado à mesa é tão importante como contar com a Fatah.
terça-feira, 7 de fevereiro de 2012
Tudo o que nos têm para dar é tirar
Salários e pensões vão encolher no final deste mês
A tesoura deste Governo não pára. Corta tudo e a todos, sem critério nem sensibilidade.
Tudo o que nos têm para dar é tirar.
A tesoura deste Governo não pára. Corta tudo e a todos, sem critério nem sensibilidade.
Tudo o que nos têm para dar é tirar.
segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012
O Governo de Passos Coelho faz questão de não acertar uma

Há uns meses, o Presidente da Câmara de Milão, já em pleno período de crise, tomou duas medidas: subir o preço dos bilhetes de transporte público por uma simples viagem e tornar o preço do passe mais barato. Agora, na capital austríaca, a baixa do preço dos passes fez com que no último mês, oito mil pessoas adquirissem o passe anual (passa de 449 euros para 365 euros, uma redução de 84 euros, o que representa um custo mensal de cerca de 30,50€, ou seja, num país com um poder de compra e vencimentos e pensões muito superiores aos nossos, os transportes públicos acabam por ser, proporcionalmente, muito mais baratos do que em Portugal).
Em vez de seguir esta linha, o Governo aumenta três vezes, em menos de um ano, o preço dos transportes públicos e impõe uma redução de vencimentos.
Em nenhuma área o Governo do PSD/CDS acerta e nem manifesta preocupação com as pessoas.
domingo, 5 de fevereiro de 2012
As lições de Solidariedade de Marco António
Concordo com o Secretário de Estado da Solidariedade e Segurança Social: ninguém lhe pode dar lições, pois ele é membro de um Governo e responsável da tutela que nada tem de solidário e apenas implementa a insegurança social.
Os Governos do PS combateram e diminuiram a pobreza em Portugal, valorizaram e preservaram a Segurança Social, ao contrário deste Governo do PSD/CDS, que aumenta a pobreza e coloca a Segurança Social em risco. Também, com um Primeiro-Ministro que diz que somos pobres, que mais poderemos esperar?
De facto, quem dá lições é Marco António, quanto àquilo que não se deve fazer, se estamos empenhados na qualidade de vida das pessoas.
Uma guerra inevitável?

Uma notícia esclarecedora do que se passa nestes tempos e do xadrez internacional quanto ao projecto nuclear iraniano, com impacto mundial.
A recente mexida na liderança da Mossad não é fruto do acaso, assim como o surgimento da disputa do importantíssimo estreito de Ormuz, o assassinato de cientistas iranianos e a situação interna iraniana, de grande debilidade económica e social do país, que deixa o poder dos aiatolas mais vulnerável, com a vontade do Governo de Tel Aviv intervir, sem o apoio dos EUA, conduziu a um barril explosivo.
A guerra pode estar mais perto do que pensamos, mas há muito mais do que o projecto nuclear em jogo, é o xadrez mundial que pode mudar.
sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012
Pobres são os governantes que temos!
Em 2002, o PSD disse que o País estava de tanga, uma década depois o PSD diz que Portugal é um país pobre.
Se dúvidas houvessem de qual a concepção que o PSD de Portugal, estamos mais do que esclarecidos.
Importa informar Passos Coelho que Portugal não é um país pobre, apesar de ter uma preocupante e elevada bolsa de pobreza. Temos um país que está no primeiro terço do mundo, fazendo parte do grupo dos mais desenvolvidos, mas temos, neste grupo, muitos atrasos estruturais que não nos facilitam a progressão desejada. Porém, pelo ritmo das actuais medidas do Governo, o caminho não é o do desenvolvimento.
Por outo lado, esta declaração também pode ser considerada como um recado ao Presidente da República, que há dias se queixava da sua mísera pensão.
Em suma, a pobreza temos e que precisamos de debelar, para Portugal avançar, é a dos governantes, uns pobres de espírito e de ideias, que não têm nada mais para dar ao País que não seja a asfixia do progresso e esta, infelizmente, afecta, e muito, a vida de milhares de portugueses. Isto não é ter nem ser um país pobre, é tornar Portugal pobre.
i Muchas Gracias, José Luis!
Zapatero termina o seu mandato à frente do PSOE, depois de ter recuperado o partido de duas derrotas (1996 e 2000, ganhas pelo PP de Aznar) e ter governado Espanha durante quase oito anos (2004/2011).
A sua última etapa de liderança não foi de todo a melhor. Sai da liderança do partido com o PSOE em condição muito vulnerável, com pesadas derrotas nas eleições regionais e municipais e, recentemente, nas legislativas, dada a retirada de apoio de parte da sociedade aos socialistas, que tiveram de lidar com a maior crise do último meio século e não conseguiram corresponder como desejavam.
Coincidência ou não o Estado Social que tanto valorizou e defendeu nos seus mandatos, já começa a estar em causa nas poucas semanas do Governo de Rajoy, que coloca em xeque vários dos progressos sociais alcançados nos últimos anos.
Não tenho de Zapatero a mesma admiração que tenho de Felipe González, mas não nego o marco dos seus mandatos, determinantes para os avanços sociais em Espanha, e que foram determinantes para o avanço de outros países, rumo a uma sociedade mais justa e solidária.
Zapatero fica na História do Socialismo Europeu como um líder que fez muito pela Igualdade e Dignidade, e foi com Zapatero, é bom não esquecer, que a Espanha passou a fazer parte do clube de países que definem o rumo do mundo: o G20, e se registou o fim do terrorismo basco.
Hoje, Zapatero pode parecer um perdedor, mas não foi, como o tempo se encarregará de demonstrar. Foi um líder que galgou os preconceitos do nosso tempo, abrindo um futuro mais justo, com marcas sociais notáveis.
Como governante que teve de lidar com a crise, pagou a factura que praticamente todas as lideranças estão a receber. A esta situação, infelizmente, não saiu incólume. Mas o seu exemplo fica e qualquer progressista sabe que tem em Zapatero uma referência.
quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012
O novo capitalismo
Como escreveu a revista "Economist" sobre o avanço do capitalismo de Estado, por aqui chamado de neodesenvolvimentismo: "A batalha definitiva do século 21 não será entre capitalismo e socialismo, mas entre diferentes versões de capitalismo".
Democrático, capitalista, multiétnico, ocidental e do Sul, rico e pobre, o Brasil optou por reduzir sua complexa força num simplório terceiro-mundismo 2.0. Mas pense bem: temos mais semelhanças com os EUA ou com a China e a Índia?
Nossa emergência econômica e política e a sucessão dos dois maiores eventos globais em solo brasileiro no espaço de dois anos fazem destes anos o momento perfeito para o Brasil se posicionar no imaginário global.
Essa imagem só pode ser a de um país democrático, capitalista, em paz com todas as nações, a melhor ponte entre o Norte e o Sul na nova divisão de poder mundial. É uma posição, um papel, que só nós podemos exercer. Devemos começar por Cuba, uma grande oportunidade.
Um artigo muito interessante de Sérgio Malbergier, acerca do posicionamento do Brasil nesta era global, a propósito da visita de Estado de Dilma Rousseff a Cuba, onde o Brasil pode ter um papel importante.
O capitalismo de Estado, interpretado pelas potências emergentes, veio para ficar nesta nova etapa.
Democrático, capitalista, multiétnico, ocidental e do Sul, rico e pobre, o Brasil optou por reduzir sua complexa força num simplório terceiro-mundismo 2.0. Mas pense bem: temos mais semelhanças com os EUA ou com a China e a Índia?
Nossa emergência econômica e política e a sucessão dos dois maiores eventos globais em solo brasileiro no espaço de dois anos fazem destes anos o momento perfeito para o Brasil se posicionar no imaginário global.
Essa imagem só pode ser a de um país democrático, capitalista, em paz com todas as nações, a melhor ponte entre o Norte e o Sul na nova divisão de poder mundial. É uma posição, um papel, que só nós podemos exercer. Devemos começar por Cuba, uma grande oportunidade.
Um artigo muito interessante de Sérgio Malbergier, acerca do posicionamento do Brasil nesta era global, a propósito da visita de Estado de Dilma Rousseff a Cuba, onde o Brasil pode ter um papel importante.
O capitalismo de Estado, interpretado pelas potências emergentes, veio para ficar nesta nova etapa.
A única Liberdade da direita ibérica
Ontem, referia que o modelo espanhol, proposto por Gallardón, podia inspirar a direita portuguesa. Nem de propósito, em menos de 24 horas, PSD e CDS deixam o recado: pode haver alterações. Assim, nada melhor do que esperar pela entrada em vigor da nova lei espanhola, ver os desenvolvimentos que tem e, correspondendo a medida aos desejos do Governo de Rajoy, aplicar em Portugal.
Há quem se preocupe, nestes tempos, e com toda a razão, com a dimensão económica e laboral, mas a grande ofensiva está a acontecer nos Direitos Sociais: Educação, Saúde, Segurança Social e Respeito pela Dignidade das pessoas, num total desprezo pela Liberdade das pessoas.
Dentro de uns tempos, o clima económica até pode melhorar e o peso desta crise ser menor, mas então podemos encontrar-nos com menos condições.
Como diz hoje Maruja Torres: La derecha tiene muy claro que su única libertad empieza y termina en los mercados.
quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012
A Dignidade e o Respeito da Mulher são desconsiderados
Las mujeres tendrán que volver a dar una justificación para abortar
O novo Ministro da Justiça espanhol diz que fez a medida mais progressista da sua vida, ao alterar a lei da Interrupção Voluntária da Gravidez (IVG), com a necessidade da mulher ter de se justificar para fazer a IVG.
A Espanha, que dera passos no sentido da Dignidade e Respeito pela Mulher, dá um passo atrás e desconsidera a Liberdade.
Veremos se o modelo espanhol não chegará a Portugal, pois é bem provável que dentro de uns tempos o Governo português siga o espanhol.
O novo Ministro da Justiça espanhol diz que fez a medida mais progressista da sua vida, ao alterar a lei da Interrupção Voluntária da Gravidez (IVG), com a necessidade da mulher ter de se justificar para fazer a IVG.
A Espanha, que dera passos no sentido da Dignidade e Respeito pela Mulher, dá um passo atrás e desconsidera a Liberdade.
Veremos se o modelo espanhol não chegará a Portugal, pois é bem provável que dentro de uns tempos o Governo português siga o espanhol.
Volta a causa do nuclear à revelia do que se passou em Fukushima
Manifesto pede introdução da energia nuclear em Portugal
Deixaram as cinzas de Fukushima poisar para os "nuclearistas" lusos voltarem ao ataque, defendendo o emprego desta energia.
Infelizmente, estas personalidades, que se apresentam como muito cotadas na praça pública nacional, não representam mais do que um pato bravismo provinciano, desprovido de responsabilidade.
Depois do que se passou há quase um ano no Japão, estes senhores empresários e políticos, não querem entender nada. E pelos vistos nem notam o que se passa. Há meses, os japoneses deliberaram, no Parlamento nacional, investir nas renováveis e baixar a dependência da energia nuclear. Na Alemanha, devido ao trágico acontecimento nipónico, a energia nuclear acabará no país dentro de 10 anos. A França, grande utilizadora e impulsionadora do nuclear, começa a equacionar uma medida semelhante à Alemanha. Mas em Portugal, quais iluminados, voltam ao ataque. É caso para perguntar, onde é que estavam quando se deu o acidente em Fukushima?
Deixaram as cinzas de Fukushima poisar para os "nuclearistas" lusos voltarem ao ataque, defendendo o emprego desta energia.
Infelizmente, estas personalidades, que se apresentam como muito cotadas na praça pública nacional, não representam mais do que um pato bravismo provinciano, desprovido de responsabilidade.
Depois do que se passou há quase um ano no Japão, estes senhores empresários e políticos, não querem entender nada. E pelos vistos nem notam o que se passa. Há meses, os japoneses deliberaram, no Parlamento nacional, investir nas renováveis e baixar a dependência da energia nuclear. Na Alemanha, devido ao trágico acontecimento nipónico, a energia nuclear acabará no país dentro de 10 anos. A França, grande utilizadora e impulsionadora do nuclear, começa a equacionar uma medida semelhante à Alemanha. Mas em Portugal, quais iluminados, voltam ao ataque. É caso para perguntar, onde é que estavam quando se deu o acidente em Fukushima?
terça-feira, 31 de janeiro de 2012
A UE devia mudar de hino
Na vida, como na morte, a Europa tem um brio muito próprio e os grandes compositores do nosso continente souberam como ninguém melodiar de forma tão admirável a Luz como as Sombras.
Por isso, escrever sobre o Conselho Europeu de hoje seria quase uma repetição do que já se disse nos anteriores encontros. Enquanto tivermos quem temos em Paris e, sobretudo, em Berlim, não vale a pena esperar pela retoma que ambicionamos, a não ser a apneia constante.
Ao menos façam-nos o favor de mudar, oxalá que de modo temporário, o hino europeu, e ao trabalho de Beethoven, apresentar esta peça de Mozart. Sempre temos o direito à Dignidade.
Por isso, escrever sobre o Conselho Europeu de hoje seria quase uma repetição do que já se disse nos anteriores encontros. Enquanto tivermos quem temos em Paris e, sobretudo, em Berlim, não vale a pena esperar pela retoma que ambicionamos, a não ser a apneia constante.
Ao menos façam-nos o favor de mudar, oxalá que de modo temporário, o hino europeu, e ao trabalho de Beethoven, apresentar esta peça de Mozart. Sempre temos o direito à Dignidade.
A sangrenta luta mexicana
Neste interessante artigo, é realçado o facto de Obama, no discurso da semana passada, no Capitólio, não ter referido a situação perigosa que se vive no México. De facto, os números dos últimos anos são aterradores, mas não é tida em consideração o outro lado da moeda, ou seja, a forma como os cartéis de droga mexicana se entranharam e ganharam fortes raízes numa das potências mundiais (o México faz parte do G20).
A política do Presidente Calderón tem esta marca negativa e inapagável, mas representa o começo de um combate ao narcotráfico sem precedentes e que o México precisa de travar pelo seu futuro, e foi, durante décadas, ignorado pelo poder político, que se acomodou e viu crescer impunemente os cartéis de droga, de alcance mundial.
Tal como na Colômbia, que é um bom exemplo do árduo mas bem sucedido combate, este não é um assunto fácil e não é um combate só do México e dos EUA, é de todo o mundo. Os cartéis mexicanos são dos mais poderosos e geram milhões de dólares todos os dias. Ignorar este facto, pensando que se trata de uma questão regional, é um erro. Parte significativa da droga que circula na Europa tem origem no México ou provém dos cartéis mexicanos.
Faltam poucos meses para as presidenciais mexicanas e vale a pena acompanhar o debate que se gera, até por esta questão do combate aos cartéis ser relevante. Irão os candidatos apoiar ou recusar o caminho árduo, mas necessário de Calderón?
Uma campanha a seguir.
sábado, 28 de janeiro de 2012
A europeização da extrema-direita
Ontem, no dia em que se assinalava o Dia da Memória do Holocausto, destacados políticos da extrema-direita europeia juntaram-se num baile de gala, na capital austríaca.
O cimento que os une - o ódio, a xenofobia, a exclusão e o radicalismo - está a consolidar-se e a cativar várias camadas da população, descontente com a situação que vivemos actualmente. E a tendência é de crescer.
O encontro de ontem, em Viena, não é resultado de coincidências de data, mas um claro sinal do que está a acontecer e começa a ter contornos semelhantes à década de 20 e 30 do passado século.
Se a esquerda democrática está em crise, a direita democrática está em decadência, ao mesmo tempo que a extrema-direita está a crescer (algo a desenvolver em próximos posts).
quinta-feira, 26 de janeiro de 2012
A falta de respeito pelo Poder Local e de não melhorar o Poder Central
Governo ensaia regionalização com novo modelo de gestão autárquica
"É um verdadeiro choque reformista", afirma o ministro Miguel Relvas
Miguel Relvas já tivera uma passagem pouco abonatória no Governo de Durão Barroso, quando, então na qualidade de Secretário de Estado, criou as Comunidades Intermunicipais. Apenas umas medidazitas para dizer que se estava a fazer alguma coisa pelo Poder Local.
Agora, como Ministro, diz que está a fazer um "choque reformista". Na verdade, o Governo continua a assumir medidinhas e que pouco valorizam o Poder Local português e não cumprem o desígnio que devia ser central: servir melhor as pessoas.
O Governo diz, e bem, que há freguesias a mais, por isso é preciso diminuir o número de freguesias, ao mesmo tempo que manifesta desejar, acertadamente, dar mais poderes às freguesias. Para esta reforma ser consequente e coerente, é preciso pensar no todo, ou seja, no Poder Central e no Poder Local, de modo integrado e complementar. O tempo que vivemos, de dificuldade e forte contenção, não devia ser de testes ou pretensões, mas de uma Reforma digna desse nome, não uma mudança que deixará quase tudo como está. Aliás, o momento é mais do que adequado para operar a mudança necessária.
O País precisa de uma regionalização que transfira poderes de Ministérios pesados e embrulhados em si, como o da Educação e da Saúde, para o nível regional. A par da regionalização, o papel das Câmaras e Assembleias Municipais, assim como dos órgãos de freguesias, têm de ser repensados e reequacionados à lógica da nova transferência de poderes, que, por sua vez, terá de requerer a passagem de poderes do nível nacional e regional (das diversas Administrações) para a regional e municipal e, finalmente, mas não menos importante, transferir poderes dos municípios para as freguesias, deixando estas de ter o carácter de passadores de atestados de residência e registar e licenciar animais domésticos, enquanto esperam pela delegação de competências do município.
Relvas pode dizer que está a ser corajoso e corresponde, deste modo, ao acordado com a troika, mas na verdade, nem arrojo nem convicção tem, porque o Poder precisa de ser pensado e redifinido em todo o País (excepção nas Regiões Autónomas) e reconhecer a importância de cada organização, algo que não existe, caso contrário o Poder Local não seria e continuará a ser um parente pobre.
Assim, estamos a ter uma versão de medidinhas, em vez da Reforma necessária. O Poder continuará centrado nos Ministérios em Lisboa e, por incrível que pareça, Lisboa, o seu concelho e a sua área metropolitana, é uma das primeiras vítimas. Só não é mais evidente e gritante por a capitalidade disfarçar muita coisa, como o facto de ter benefícios, de centralidade, que outras áreas, a começar pelas do interior, infelizmente, não têm.
"É um verdadeiro choque reformista", afirma o ministro Miguel Relvas
Miguel Relvas já tivera uma passagem pouco abonatória no Governo de Durão Barroso, quando, então na qualidade de Secretário de Estado, criou as Comunidades Intermunicipais. Apenas umas medidazitas para dizer que se estava a fazer alguma coisa pelo Poder Local.
Agora, como Ministro, diz que está a fazer um "choque reformista". Na verdade, o Governo continua a assumir medidinhas e que pouco valorizam o Poder Local português e não cumprem o desígnio que devia ser central: servir melhor as pessoas.
O Governo diz, e bem, que há freguesias a mais, por isso é preciso diminuir o número de freguesias, ao mesmo tempo que manifesta desejar, acertadamente, dar mais poderes às freguesias. Para esta reforma ser consequente e coerente, é preciso pensar no todo, ou seja, no Poder Central e no Poder Local, de modo integrado e complementar. O tempo que vivemos, de dificuldade e forte contenção, não devia ser de testes ou pretensões, mas de uma Reforma digna desse nome, não uma mudança que deixará quase tudo como está. Aliás, o momento é mais do que adequado para operar a mudança necessária.
O País precisa de uma regionalização que transfira poderes de Ministérios pesados e embrulhados em si, como o da Educação e da Saúde, para o nível regional. A par da regionalização, o papel das Câmaras e Assembleias Municipais, assim como dos órgãos de freguesias, têm de ser repensados e reequacionados à lógica da nova transferência de poderes, que, por sua vez, terá de requerer a passagem de poderes do nível nacional e regional (das diversas Administrações) para a regional e municipal e, finalmente, mas não menos importante, transferir poderes dos municípios para as freguesias, deixando estas de ter o carácter de passadores de atestados de residência e registar e licenciar animais domésticos, enquanto esperam pela delegação de competências do município.
Relvas pode dizer que está a ser corajoso e corresponde, deste modo, ao acordado com a troika, mas na verdade, nem arrojo nem convicção tem, porque o Poder precisa de ser pensado e redifinido em todo o País (excepção nas Regiões Autónomas) e reconhecer a importância de cada organização, algo que não existe, caso contrário o Poder Local não seria e continuará a ser um parente pobre.
Assim, estamos a ter uma versão de medidinhas, em vez da Reforma necessária. O Poder continuará centrado nos Ministérios em Lisboa e, por incrível que pareça, Lisboa, o seu concelho e a sua área metropolitana, é uma das primeiras vítimas. Só não é mais evidente e gritante por a capitalidade disfarçar muita coisa, como o facto de ter benefícios, de centralidade, que outras áreas, a começar pelas do interior, infelizmente, não têm.
O grande perigo da extrema-direita francesa
Há dias, quando Sarkozy visitou a Guiana francesa, transpirou a notícia de que o actual Presidente francês dá por perdida a sua corrida, dado o quadro actual, de vulnerabilidade da França. Para quem se apresentou em 2007 como o homem que ia transformar a França, a mudança registou-se, sem dúvida, mas no sentido inverso ao prometido. O homem disse que se a França perdesse o triplo A "morria". Ora, a França perdeu, mas não está morto, apesar de andar moribundo.
Agora que faltam três meses para as eleições saem mais sondagens e esta, que apura a confiança que os franceses atribuem a cada candidato para lidar com os diversos desafios sectoriais, atesta como em nenhum dos nove items Sarkozy seja considerado melhor que os seus oponentes. Hollande destaca-se em sete e com grande vantagem numa das áreas mais sensíveis, que o candidato socialista tem destacado: a pobreza e a precariedade. A outra pessoa que se destaca é Marine Le Pen, que bate os seus adversários nos assuntos clássicos da extrema-direita: a imigração e a insegurança.
Se pode haver razões de satisfação pela derrota iminente de Sarkozy, apesar de ser prematuro desconsiderar o líder da UMP, há um factor a considerar e bem perigoso: Marine Le Pen. A candidata da Frente Nacional arrisca-se a passar à segunda volta, perante a fraqueza de Sarkozy.
Todos os candidatos têm feito e vão continuar a fazer do ataque ao Presidente gaulês, com trágicos resultados para apresentar dos seus cinco anos de mandato, uma das armas de campanha. Se esta crítica torna mais frágil a candidatura de Sarkozy, faz, também, um apelo implícito à mudança de parte do eleitorado da UMP, cada vez mais perto da FN, do que propriamente do MoDem, de Bayrou, ainda que este possa ser um dos beneficiados, por parte da direita moderada desiludida com Sarko.
Ora, é aqui que reside o grande problema. Marine Le Pen não corre só para as presidenciais de 2012, o seu projecto é de fundo. E estrear-se numa eleição, ela que substitui o pai pela primeira vez na corrida presidencial, com uma passagem à segunda volta seria ouro sobre azul. Razão pela qual é importante que não se entenda as presidenciais francesas deste ano como a derrota de Sarkozy, pois a direita democrática gaulesa pode estar em causa.
O “sonho francês” é essencial para o futuro da Europa
Escrevi um artigo, no Acção Socialista, que saiu na edição, deste mês de Janeiro, referente à eleição presidencial francesa.
O “sonho francês” é essencial para o futuro da Europa
A França é um dos grandes esteios europeus, tanto pela sua dimensão de país fundador do projecto europeu como pela sua dimensão, dada a sua História, Cultura, centro de excelência mundial. E, para nós, portugueses, a França tem um valor relevante, pois foi o país para onde muitos portugueses emigraram, em busca de um futuro que o Portugal amordaçado não lhes garantia. Além desta ligação afectiva, o país das Luzes tem para nós, socialistas, um significado muito especial: é um dos berços dos nossos valores políticos e foi com os socialistas franceses que pudemos contar, num momento crucial do nosso País, para conquistar e consolidar a Democracia em Portugal.
Tudo isto reporta a um período de grande pujança económica, social e cultural de França, que teve nos mandatos de François Mitterrand (de 1981 a 1995) o seu expoente máximo. E esta liderança fez com que se registassem grandes avanços, políticos e sociais em França e na União Europeia, dos quais, nós, portugueses, beneficiámos directamente, desde logo, pelas vantagens conquistadas com a nossa adesão ao projecto europeu, em 1986.
Desde a saída deste histórico socialista, a França entrou num declínio que aflige, pois apesar de grande, a França deixou de ser o gigante europeu de outros tempos, como a recente perda do triplo A comprova.
Se os dois mandatos de Jacques Chirac (de 1995 de 2007) contribuíram para a decadência, este mandato desastrado e erróneo, iniciado por Nicolas Sarkozy em 2007, acabou por a acentuar.
Não é pois, por acaso, que o mau estado da UE, hoje, seja um reflexo directo da vulnerabilidade francesa actual, pois ambas estão intimamente ligadas e dependentes.
É, por isso, que as eleições presidenciais francesas, que se vão realizar a 22 de Abril (primeira volta) e 6 de Maio (segunda volta), são determinantes para os franceses e para os europeus. Da opção dos gauleses vai depender o futuro da França e da UE. E esta eleição tem uma particularidade importante: vai ser das mais disputadas de sempre, uma vez que estão presentes várias candidaturas, que traduzem as várias sensibilidades existentes no país.
Se a extrema-direita já adquiriu o seu lugar de destaque na sociedade, o que já é bastante preocupante, e é bem possível que uma das candidaturas na segunda volta seja a de Marine Le Pen, a direita apresenta-se dividida, com Nicolas Sarkozy e Dominique Villepin. A esquerda radical, como sempre, apresenta-se com várias candidaturas. Mas, para já, o grande favorito, assim se espera que continue, é François Hollande, o candidato socialista.
Hollande tem apresentado uma análise muito lúcida da actualidade. Reconhece o enfraquecimento de França e sabe que isso é uma séria ameaça ao futuro dos franceses.
O seu projecto, “o sonho francês”, procura retomar as causas da promessa republicana, ou seja, garantir às gerações seguintes condições melhores do que tiveram as precedentes.
O desafio é elevado e não será fácil de cumprir, tendo em conta os ataques que está a sofrer o Estado Social, sem esquecer o estado da economia. Mas há uma coisa que nós, socialistas, sabemos por experiência própria, não foi com desistências nem conformismos perante as dificuldades que conseguimos operar as transformações que deram à sociedade os ganhos e os progressos desejados. Aliás, sempre que fraquejámos, registaram-se recuos e assinalaram-se perdas, mas sempre que enfrentámos os problemas e os obstáculos, acreditando nas nossas causas, sendo fieis aos nossos valores e dando o nosso melhor, o Socialismo triunfou e contribuiu decisivamente para melhorar as condições de vida das pessoas.
É, pois, com base no sonho que Hollande quer tornar realidade, que nós, europeus, também devemos ambicionar a sua indispensável vitória.
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