Precisamos de uma nova sabedoria dos limites e uma inteligência para entendê-los como uma oportunidade para levar a cabo uma política em que voltemos a combinar efectividade e democracia. Daniel Innenarity
sexta-feira, 23 de março de 2012
Congresso do PSD mais interessante
Face à capa, de hoje, do JN, quem disse que o Congresso do PSD deste fim-de-semana não tem interesse?
Não é o discurso de Passos Coelho que mais importa, mas sim saber e sentir qual a posição dos autarcas do PSD, partido que domina a Associação Nacional de Municípios e de Freguesias face às propostas de Miguel Relvas.
Veremos qual a postura e posição dos autarcas laranja.
Tudo pode mudar nas presidenciais francesas
O grande problema francês, como da maior parte dos Estados europeus, é económico. O país tem dificuldade em retomar o crescimento económico, gerar empregos e preservar o Estado Social.
Há décadas que o país das Luzes perde competitividade, no quadro global, e essa é uma das maiores ameaças a uma nação que sempre teve os melhores patamares de desenvolvimento no mundo.
Porém, não obstante este ponto central, a tragédia de Toulouse vem baralhar as opções eleitorais e, por umas semanas, as preocupações vão centrar-se na forma como lidar com o terrorismo e a imigração, assuntos que, amiúde, estão na ordem do dia em França, quer pelas causas da Frente Nacional quer pelas políticas de Nicolas Sarkozy, inscritas na agenda do país.
O terrorismo, em abono da verdade, é, no mundo Ocidental, um dos problemas sempre presentes desde o 11 de Setembro de 2001. Todavia, a maioria das nações ocidentais só lida com o tema quando este se faz sentir de forma trágica, caso contrário, até há um sentimento predominante na população de que nem vale muito a pena prestar atenção à matéria, pois isso só acontece aos outros. Ora não acontece aos outros, está no seio das nossas sociedades. Não vale a pena continuar a ignorar.
O que se pode começar a considerar lamentável, nesta disputa presidencial francesa, é o emergir, de uma forma totalmente hipócrita e sem respeito, do tema do terrorismo e, sobretudo, da imigração, com finalidade meramente eleitoral, quando há matérias, como esta, que não podem ser tratadas como mera arma de arremesso político, pois representam grandes riscos para o país, a nível cultural, religioso, económico e, especialmente, social.
A extrema-direita já fez saber que o Governo tem medo de intervir, com mão-de-ferro, nos bairros problemáticos e, por isso, o sucedido em Toulouse é resultado da impunidade. O Governo de Sarkozy voltou a carregar na tónica, ainda que de modo suave em relação a recentes declarações do próprio Sarkozy e do seu Ministro do Interior, da necessidade de punir a qualquer custo, num discurso claramente óbvio de procurar associar o Islão ao terrorismo e, com esta premissa, legitimar a expulsão de milhares de imigrantes. Porém, há um senão, muitos dos jovens dos banlieue são cidadãos franceses (não era o caso de Merah), ainda que os próprios não se sintam como tal, isto é, nem reconhecem qualquer identidade do país de origem dos pais e/ou avós, de antigas colónias francesas, nomeadamente as do norte de África, nem se sentem pertença do país em que nasceram, a França, a qual não lhes apresenta qualquer caminho de futuro.
Em certa medida, este também é um dos sinais de decadência que a França apresenta, não saber lidar com o futuro e qual o caminho que o país das Luzes pode oferecer às novas gerações.
Quanto à eleição presidencial, se até há pouco tempo a vitória de Hollande seria mais do que provável, tendo o tema da economia um destaque sem concorrente, pois os últimos cinco anos de Sarkozy representaram o oposto do que prometera em 2007, com a entrada do tema terrorismo com a questão da imigração associada, as contas voltam a baralhar-se e qualquer um pode singrar. Hollande, Sarkozy e Le Pen, mas também Mélenchon. A corrida está aberta e a exploração dos sentimentos mais primários tenderá a destacar-se, numa visão dicotómica, com possibilidades de gerar ganhos eleitorais, mas a médio prazo com nocivas marcas sociais.
Sarkozy, agora, se quiser bem sucedido, basta seguir a estratégica de campanha de George W. Bush em 2004, para ser reeleito. Jogar com os valores da nação, independentemente do resto, e assumir-se como o único capaz de lidar com a racaille.
Marine Le Pen não deixará de passar este momento para reconquistar o eleitorado que tem vindo a perder, empunhando, ainda com mais força, as causas da sua formação, procurando demonstrar como a FN sempre esteve correcta na identificação e solução dos problemas.
Hollande, para ser bem sucedido, precisa de não cair nas ciladas que os seus oponentes à direita lhe irão colocar constantemente, mas para isso conta com um apoio importante, o de Manuel Valls.
Veremos como decorre a eleição, agora que estamos a poucas semanas de uma escolha decisiva para a França e a UE.
Há décadas que o país das Luzes perde competitividade, no quadro global, e essa é uma das maiores ameaças a uma nação que sempre teve os melhores patamares de desenvolvimento no mundo.
Porém, não obstante este ponto central, a tragédia de Toulouse vem baralhar as opções eleitorais e, por umas semanas, as preocupações vão centrar-se na forma como lidar com o terrorismo e a imigração, assuntos que, amiúde, estão na ordem do dia em França, quer pelas causas da Frente Nacional quer pelas políticas de Nicolas Sarkozy, inscritas na agenda do país.
O terrorismo, em abono da verdade, é, no mundo Ocidental, um dos problemas sempre presentes desde o 11 de Setembro de 2001. Todavia, a maioria das nações ocidentais só lida com o tema quando este se faz sentir de forma trágica, caso contrário, até há um sentimento predominante na população de que nem vale muito a pena prestar atenção à matéria, pois isso só acontece aos outros. Ora não acontece aos outros, está no seio das nossas sociedades. Não vale a pena continuar a ignorar.
O que se pode começar a considerar lamentável, nesta disputa presidencial francesa, é o emergir, de uma forma totalmente hipócrita e sem respeito, do tema do terrorismo e, sobretudo, da imigração, com finalidade meramente eleitoral, quando há matérias, como esta, que não podem ser tratadas como mera arma de arremesso político, pois representam grandes riscos para o país, a nível cultural, religioso, económico e, especialmente, social.
A extrema-direita já fez saber que o Governo tem medo de intervir, com mão-de-ferro, nos bairros problemáticos e, por isso, o sucedido em Toulouse é resultado da impunidade. O Governo de Sarkozy voltou a carregar na tónica, ainda que de modo suave em relação a recentes declarações do próprio Sarkozy e do seu Ministro do Interior, da necessidade de punir a qualquer custo, num discurso claramente óbvio de procurar associar o Islão ao terrorismo e, com esta premissa, legitimar a expulsão de milhares de imigrantes. Porém, há um senão, muitos dos jovens dos banlieue são cidadãos franceses (não era o caso de Merah), ainda que os próprios não se sintam como tal, isto é, nem reconhecem qualquer identidade do país de origem dos pais e/ou avós, de antigas colónias francesas, nomeadamente as do norte de África, nem se sentem pertença do país em que nasceram, a França, a qual não lhes apresenta qualquer caminho de futuro.
Em certa medida, este também é um dos sinais de decadência que a França apresenta, não saber lidar com o futuro e qual o caminho que o país das Luzes pode oferecer às novas gerações.
Quanto à eleição presidencial, se até há pouco tempo a vitória de Hollande seria mais do que provável, tendo o tema da economia um destaque sem concorrente, pois os últimos cinco anos de Sarkozy representaram o oposto do que prometera em 2007, com a entrada do tema terrorismo com a questão da imigração associada, as contas voltam a baralhar-se e qualquer um pode singrar. Hollande, Sarkozy e Le Pen, mas também Mélenchon. A corrida está aberta e a exploração dos sentimentos mais primários tenderá a destacar-se, numa visão dicotómica, com possibilidades de gerar ganhos eleitorais, mas a médio prazo com nocivas marcas sociais.
Sarkozy, agora, se quiser bem sucedido, basta seguir a estratégica de campanha de George W. Bush em 2004, para ser reeleito. Jogar com os valores da nação, independentemente do resto, e assumir-se como o único capaz de lidar com a racaille.
Marine Le Pen não deixará de passar este momento para reconquistar o eleitorado que tem vindo a perder, empunhando, ainda com mais força, as causas da sua formação, procurando demonstrar como a FN sempre esteve correcta na identificação e solução dos problemas.
Hollande, para ser bem sucedido, precisa de não cair nas ciladas que os seus oponentes à direita lhe irão colocar constantemente, mas para isso conta com um apoio importante, o de Manuel Valls.
Veremos como decorre a eleição, agora que estamos a poucas semanas de uma escolha decisiva para a França e a UE.
terça-feira, 20 de março de 2012
Judeus e muçulmanos vítimas do mesmo ódio
A razão da morte destes cidadãos franceses, os seus nomes fazem hoje parte da capa, de luto, do Libération, deve-se à sua crença e origem.
Na Europa e no berço do país que inscreveu os Direitos Humanos no mundo, pouco mais de meio século depois da mortandade que jamais se devia esquecer, continua-se a ceifar a vida de inocentes por total irracionalidade e puro ódio.
Qual foi a parte da (nossa) História que esquecemos?
Qual foi a parte da (nossa) Educação que ignoramos?
Qual é a razão para continuarmos a cometer os mesmos erros?
Na Europa e no berço do país que inscreveu os Direitos Humanos no mundo, pouco mais de meio século depois da mortandade que jamais se devia esquecer, continua-se a ceifar a vida de inocentes por total irracionalidade e puro ódio.
Qual foi a parte da (nossa) História que esquecemos?
Qual foi a parte da (nossa) Educação que ignoramos?
Qual é a razão para continuarmos a cometer os mesmos erros?
As palavras pesam
Sarkozy en Toulouse: "Vamos a blindar las escuelas judías y musulmanas"
Nas últimas semanas, Sarkozy, o candidato presidencial, imprimiu um discurso xenófobo na sua campanha. Primeiro, a causa de expulsar imigrante, depois, a necessidade de romper com Schengen.
Ontem, face aos trágicos acontecimentos em Touluse, Sarkozy, o Presidente da República, diz que vai proteger as escolas de judeus e muçulmanos.
Infelizmente, há muito que em França se anda a semear os valores da xenofobia, da exclusão e da repulsa, ainda por cima por quem mais os devia combater, os dirigentes máximos do Estado: Presidente da República e Ministro do Interior.
Pensar que a palavra dos políticos, nomeadamente dos que têm responsabilidade, são inócuas e não têm efeitos é puro engano. Lamentavelmente, só se percebe isso perante a tragédia.
Nas últimas semanas, Sarkozy, o candidato presidencial, imprimiu um discurso xenófobo na sua campanha. Primeiro, a causa de expulsar imigrante, depois, a necessidade de romper com Schengen.
Ontem, face aos trágicos acontecimentos em Touluse, Sarkozy, o Presidente da República, diz que vai proteger as escolas de judeus e muçulmanos.
Infelizmente, há muito que em França se anda a semear os valores da xenofobia, da exclusão e da repulsa, ainda por cima por quem mais os devia combater, os dirigentes máximos do Estado: Presidente da República e Ministro do Interior.
Pensar que a palavra dos políticos, nomeadamente dos que têm responsabilidade, são inócuas e não têm efeitos é puro engano. Lamentavelmente, só se percebe isso perante a tragédia.
domingo, 18 de março de 2012
A direita já está em guerra por 2016
A entrevista dada por Santana Lopes ao Expresso (17/03/2012) deixa claro que o primeiro candidato da direita à eleição presidencial de 2016 está confirmado. O sonho é antigo, a vontade é permanente e Santana vai disputar Belém, como há muito ambiciona.
As autarquias, como deixou claro, foram projectos que deixou em 2009, depois da derrota em Lisboa. Assim, o seu mandato na Santa Casa acaba, sensivelmente, no momento em que se realizam a eleição presidencial, em Janeiro de 2016.
Neste momento, faz o trabalho interno, sem dar nas vistas, para não se desgastar e dentro de alguns anos vai procurar mostrar a Lisboa e ao País a sua obra à frente da Santa Casa, numa óbvia aposta de se valorizar, agora que ultrapassou, ou melhor, se está a esquecer a péssima imagem que deixou na liderança do Governo, em 2004/05.
As autarquias, como deixou claro, foram projectos que deixou em 2009, depois da derrota em Lisboa. Assim, o seu mandato na Santa Casa acaba, sensivelmente, no momento em que se realizam a eleição presidencial, em Janeiro de 2016.
Neste momento, faz o trabalho interno, sem dar nas vistas, para não se desgastar e dentro de alguns anos vai procurar mostrar a Lisboa e ao País a sua obra à frente da Santa Casa, numa óbvia aposta de se valorizar, agora que ultrapassou, ou melhor, se está a esquecer a péssima imagem que deixou na liderança do Governo, em 2004/05.
Todavia, Santana sabe que o seu campo político também conta com outros potenciais e possíveis candidatos: Durão Barroso e Marcelo são os principais.
Se Marcelo, que amanhã, na sua análise da TVI, irá começar o tabu da sua candidatura, tem o desejo e a ambição de chegar a Belém, algo muito improvável, dada a sua constante falta de convicção, a grande incógnita e o principal oponente de Santana é Barroso, com quem quer ajustar contas de 2004. Barroso passou um testemunho envenenado da governação do País a Santana e este, que teve o seu melhor momento político, quando conquistou Lisboa em 2001, acabou por se deslumbrar com todo o poder que jamais imaginara poder conquistar sem dificuldade: liderança do PSD e Primeiro-Ministro.
Se Marcelo, que amanhã, na sua análise da TVI, irá começar o tabu da sua candidatura, tem o desejo e a ambição de chegar a Belém, algo muito improvável, dada a sua constante falta de convicção, a grande incógnita e o principal oponente de Santana é Barroso, com quem quer ajustar contas de 2004. Barroso passou um testemunho envenenado da governação do País a Santana e este, que teve o seu melhor momento político, quando conquistou Lisboa em 2001, acabou por se deslumbrar com todo o poder que jamais imaginara poder conquistar sem dificuldade: liderança do PSD e Primeiro-Ministro.
Ainda faltam quatro anos para as presidenciais e dois para terminar o (segundo) mandato à frente da Comissão Europeia. Barroso pode ser convidado a assumir um novo desafio internacional. A liderança da NATO é uma das possibilidades, mas com uma Administração Democrata na Casa Branca, isto é, a reeleição de Obama, compromete muito esse objectivo. O mais provável é Barroso regressar à pátria amada e/ou andar a dar palestras em Universidades do mundo. Mas o seu futuro político, nacional e internacional, estará dependente da imagem com que ficará depois de sair de Bruxelas. E pelo andar da carruagem, Barroso está longe de alcançar as cotas que Delors recebeu quando deixou Bruxelas.
Da parte do PSD é certo e sabido que Santana não reúne consenso e se Barroso quiser será o candidato do partido.
Haja o que houver, com ou sem apoio do PSD, Santana será candidato a Belém e os próximos quatro anos também vão servir para o Provedor da Santa Casa, amiúde, falar da boa e má moeda, outro dos ajustes de contas que Santana tem do seu pior período político, em relação ao actual inquilino de Belém. Não é por acaso que o livro que vai publicar se centra no órgão Presidência da República.
Em suma, da direita não se pode esperar nada de novo. Apenas as velhas e eternas guerras de egos e clãs.
terça-feira, 13 de março de 2012
Pobreza mundial recua para 1,29 bilhão, revela Banco Mundial
Para quem considera que a Globalização é um mau fenómeno, para o Ocidente, o mesmo não se poderá aplicar ao resto do mundo.
O número de pessoas vivendo na linha da extrema pobreza caiu em 2008 para 1,29 bilhão, o que representa 22% da população mundial, segundo as últimas estimativas divulgadas nesta quarta-feira pelo Banco Mundial. Em 2005, o número de pessoas que viviam com menos de US$ 1,25 ao dia era de 1,39 bilhão, o que significava 25% do total da população mundial.
O Banco Mundial indicou que a redução vem especialmente da China, que retirou 660 milhões de pessoas dessa faixa entre 1981 e 2008, e cujo percentual caiu à metade entre 2002 e 2008, de 28,6% para 13,1%.
No ritmo atual, calcula-se que em 2015 o número de pessoas que viverão com menos de US$ 1,25 ao dia rondará 1 bilhão de indivíduos. Por outro lado, 2,471 bilhões viviam em 2008 com menos de US$ 2 ao dia, o que é considerado o limiar da pobreza, um número que representa 43% da população mundial, contra 47% (2,595 bilhões) de 2005.
"O mundo em desenvolvimento realizou notáveis avanços no combate contra a extrema pobreza, e se mostrou resistente aos recentes choques na alta dos preços dos alimentos e da energia. Mas a acumulação do número de pessoas que vivem justo acima da linha de extrema pobreza ressalta a contínua vulnerabilidade dos mais pobres", avaliou Martin Ravallion, diretor de Pesquisa do Banco Mundial.
A instituição destacou que apesar de ser observado um progresso geral, o número de pessoas que vivem entre a fronteira dos US$ 1,25 e US$ 2 ao dia dobrou entre 1981 e 2008, ao passar de 648 milhões para 1,18 bilhão.
Por regiões, a África Subsaariana continua registrando os piores números no que se refere à população abaixo da linha de extrema pobreza, apesar de um ligeiro avanço nos últimos anos, ao passar de 394 milhões em 2005 (52%) para 386 milhões em 2008 (47,5%).
Enquanto isso, a região Ásia - Pacífico, liderada pela China, reduziu quase à metade sua porcentagem de extrema pobreza, de 27,6% em 2002 para 14,3% em 2008, ao passar de 523 milhões para 284 milhões.
O número de pessoas vivendo na linha da extrema pobreza caiu em 2008 para 1,29 bilhão, o que representa 22% da população mundial, segundo as últimas estimativas divulgadas nesta quarta-feira pelo Banco Mundial. Em 2005, o número de pessoas que viviam com menos de US$ 1,25 ao dia era de 1,39 bilhão, o que significava 25% do total da população mundial.
O Banco Mundial indicou que a redução vem especialmente da China, que retirou 660 milhões de pessoas dessa faixa entre 1981 e 2008, e cujo percentual caiu à metade entre 2002 e 2008, de 28,6% para 13,1%.
No ritmo atual, calcula-se que em 2015 o número de pessoas que viverão com menos de US$ 1,25 ao dia rondará 1 bilhão de indivíduos. Por outro lado, 2,471 bilhões viviam em 2008 com menos de US$ 2 ao dia, o que é considerado o limiar da pobreza, um número que representa 43% da população mundial, contra 47% (2,595 bilhões) de 2005.
"O mundo em desenvolvimento realizou notáveis avanços no combate contra a extrema pobreza, e se mostrou resistente aos recentes choques na alta dos preços dos alimentos e da energia. Mas a acumulação do número de pessoas que vivem justo acima da linha de extrema pobreza ressalta a contínua vulnerabilidade dos mais pobres", avaliou Martin Ravallion, diretor de Pesquisa do Banco Mundial.
A instituição destacou que apesar de ser observado um progresso geral, o número de pessoas que vivem entre a fronteira dos US$ 1,25 e US$ 2 ao dia dobrou entre 1981 e 2008, ao passar de 648 milhões para 1,18 bilhão.
Por regiões, a África Subsaariana continua registrando os piores números no que se refere à população abaixo da linha de extrema pobreza, apesar de um ligeiro avanço nos últimos anos, ao passar de 394 milhões em 2005 (52%) para 386 milhões em 2008 (47,5%).
Enquanto isso, a região Ásia - Pacífico, liderada pela China, reduziu quase à metade sua porcentagem de extrema pobreza, de 27,6% em 2002 para 14,3% em 2008, ao passar de 523 milhões para 284 milhões.
A cópia (Sarkozy) a conquistar o original (Le Pen)
Perante o favoritismo dos socialistas, em parte graças ao descalabro de cinco anos desastrados do mandato presidencial de Sarkozy, que nada fez do que prometera na campanha de 2007, estas eleições estão a ser preparadas pelo UMP centrados na extrema-direita.
Ao contrário das opções tradicionais, de moderar as candidaturas, de modo a cobrir uma dimensão eleitoral superior à base eleitoral do partido, Sarkozy e a sua equipa em vez de lutarem por um eleitorado do centro-esquerda ao centro-direita, presentemente disputado pelo PS e o MoDem, a FN, de Le Pen, é encarada como o "reservatório" de votos a conquistar.
De facto, se Sarkozy não passar, tal se deverá ao apoio dado pelo eleitorado a Marine Le Pen - hipótese cada vez mais remota. A ter em consideração as últimas sondagens, a estratégia de Sarkozy está a dar frutos. Pela primeira vez, Sarkozy, na primeira volta, está à frente de Hollande. Porém, Sarkozy esquece-se que há uma segunda volta e nessa, parte do eleitorado central, está afugentado. Ainda no domingo, no comício que fez em Villepinte, Sarkozy conseguiu assumir um discurso puramente de extrema-direita, ao ameaçar fechar Schengen, no seguimento do discurso anti-imigração que tem vindo a fazer.
É muito preocupante que a direita francesa, com Sarkozy, se tenha rendido ao radicalismo e rasgado aqueles que eram os compromissos de Estado, que o RPR sempre assumiu, desde De Gaulle. E é mais preocupante não só por esta campanha, mas também pelo futuro da direita gaulesa.
Ao contrário das opções tradicionais, de moderar as candidaturas, de modo a cobrir uma dimensão eleitoral superior à base eleitoral do partido, Sarkozy e a sua equipa em vez de lutarem por um eleitorado do centro-esquerda ao centro-direita, presentemente disputado pelo PS e o MoDem, a FN, de Le Pen, é encarada como o "reservatório" de votos a conquistar.
De facto, se Sarkozy não passar, tal se deverá ao apoio dado pelo eleitorado a Marine Le Pen - hipótese cada vez mais remota. A ter em consideração as últimas sondagens, a estratégia de Sarkozy está a dar frutos. Pela primeira vez, Sarkozy, na primeira volta, está à frente de Hollande. Porém, Sarkozy esquece-se que há uma segunda volta e nessa, parte do eleitorado central, está afugentado. Ainda no domingo, no comício que fez em Villepinte, Sarkozy conseguiu assumir um discurso puramente de extrema-direita, ao ameaçar fechar Schengen, no seguimento do discurso anti-imigração que tem vindo a fazer.
É muito preocupante que a direita francesa, com Sarkozy, se tenha rendido ao radicalismo e rasgado aqueles que eram os compromissos de Estado, que o RPR sempre assumiu, desde De Gaulle. E é mais preocupante não só por esta campanha, mas também pelo futuro da direita gaulesa.
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