Extrema-esquerda grega sobe nas sondagens e põe em causa acordo com a troika
A Grécia é um exemplo de como as esquerdas radicais não têm qualquer compromisso com as pessoas, apesar de estarem a granjear o seu apoio, apenas e tão só por uma razão de indignação e condenação. Sentimentos totalmente naturais e legítimos, face ao imposto desde há dois anos aos gregos.
Se os "bloquistas" helénicos (Syriza) sabem ter neste momento a oportunidade de chegar ao Governo e exercer o poder, os comunistas (KKE), por seu lado, manifestam pouca disponibilidade para fazer parte de um Governo de coligação e pretendem governar a sós, algo impossível.
Assim, continua-se a demonstrar que o radicalismo só cresce no meio do descontentamento. Porém, se as palavras dos radicais até caem bem no ouvido, não servem para salvaguardar as condições de vida das pessoas nem apresentam qualquer futuro. Protestar é fácil, o mesmo não se aplica ao exercício de governar.
Fruto desta subida das esquerdas radicais deve-se ao esboroar dos socialistas (PASOK), que tiveram a espinhosa e ingrata missão de corrigir o que a direita, da Nova Democracia, à beira de regressar ao poder, fez, um enorme buraco nas contas. Papandreou foi um excelente Primeiro-Ministro até ao momento infeliz de se lembrar de ceder à tentação de convocar um referendo, acerca das medidas a implementar, sem sentido. Foi o fulminar do seu mandato, marcado pela coragem de batalhar pela Grécia, como lhe competia, nos areópagos europeus.
Veremos o que dará a eleição legislativa grega, mas quando mais se precisa de compromisso de todos os partidos, verifica-se a predisposição de cada um corresponder à sua agenda partidária, desprezando o país. Velhas lógicas político-partidárias que não servem os tempos que vivemos.
A lição destes tempos, dada na Grécia, ainda não foi aprendida pelas formações gregas: em tempos de profunda crise, como nestes tempos, quem exerce o poder queima-se rapidamente; mas há quem continue a pensar que o único ponto importante é chegar ao poder, pelo poder.
O PASOK é o exemplo de como uma maioria absoluta, obtida nas últimas eleições, é bem mais frágil do que aparenta.
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