sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Portugal credível

Há quem compreenda que a política vive de uma dicotomia intocável: quem está no poder governa e só deve prestar contas nas urnas e quem está na oposição tem de se limitar a opor e condenar o que se faz.

Ora, o PS não tem esta concepção da Política. Enquanto Governo, fez com que os governantes tivessem que ir, de 15 em 15 dias, ao Parlamento, para que o papel da Assembleia da República, onde estão os representantes eleitos directamente pelos portugueses, fosse respeitado e cumprido. Há quem se esqueça, mas foi com o PS, no Poder, que o Governo começou a prestar contas no Parlamento.

Agora, na oposição, o PS não desprezou a sua responsabilidade com o País, e num momento particularmente crítico, o PS está, como sempre esteve, no campo da solução.

Todavia, António José Seguro tem recebido críticas por estar a desconsiderar o papel "típico" de líder da oposição. Há quem preferisse o Secretário-Geral do PS limitado a um papel do género do PCP e/ou do BE: condenar e opor-se a tudo e todos, sem qualquer critério; ou, então, que fizesse o que o PSD e o CDS fizeram na anterior legislatura, desconsiderar a condição de Portugal, na actual crise, e ambicionar o poder a todo o custo, como aconteceu, dado o chumbo do PEC IV e a obrigação de Portugal pedir um resgate externo.

O PS segue a via da responsabilidade e da credibilidade, não cedendo à tentação fácil, nestes tempos, mas tão prejudicial para Portugal, do populismo e demagogia barata, que podem ser amigos das sondagens, mas nocivos para a vida das pessoas. O PS absteve-se no OE 2012, não porque concordasse com o proposto, porque não concorda, mas porque sabe que este OE está a ser escrutinado a nível mundial e um passo em falso de um dos grandes intervenientes na vida do País, como o PS, poderia comprometer a recuperação do País.

De qualquer forma, o PS não ficou refém nem está paralisado, pelo contrário, está bem activo e a cumprir as suas obrigações. Propôs, sem hipocrisia e com dados concretos, medidas que o Governo devia ter em consideração, como o não corte do 13º e 14º mês. O Governo disse que não era possível, o tempo encarregou-se de demonstrar que havia condições para poupar os portugueses a mais sacrifícios. O PS disse que o acordado com a troika é para cumprir, mas não se pode estar alheio à realidade e, por isso, era necessário reajustar as metas temporais à recuperação económica nacional e europeia, sem a qual é impossível cumprir o acordado. O Governo negou, mas líderes europeus já equacionam esta possibilidade e o Ministro das Finanças português cochichou esta proposta ao homólogo alemão. O proposto pelo PS começa a ganhar sentido.

É certo que a postura e as medidas do PS não surgem com alardeio, como alguns pretenderiam, mas sim de forma ponderada e objectiva, para servir as pessoas.

O tempo não é para joguinhos baixos e no estrito interesse de agendas partidárias. O PS não tem que procurar alterar o resultado das eleições de Junho de 2011, como o PSD não digeriu os resultados eleitorais de 2009. O PS tem de respeitar e cumprir o papel que as pessoas lhe deram nas urnas, ao mesmo tempo que tem de corresponder aos seus objectivos: servir Portugal e apresentar rumos para o País. É isso que António José Seguro está a fazer.

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