Li, hoje, este artigo de Marques Mendes, um dos novos cronistas da praça lusa.
Infelizmente, ainda há quem continue a considerar bom o negócio do Estado português com a chinesa "Três Gargantas". Nem mesmo depois do empresário chinês ter dito que a compra foi barata há qualquer reconhecimento da facilidade da venda, que Portugal devia ter feito cara.
Marques Mendes aplaude o negócio feito e vê grandes virtudes na China. Uma economia pujante, será a líder mundial dentro de algum tempo e quer entrar no mercado energético europeu, razões de sobra para Portugal se render a Pequim, destaca o antigo Ministro do PSD.
Do lado chinês, considero o investimento pertinente e válido. E até acabou por ser uma compra a preço de saldo.
Porém, o que Marques Mendes assim como os nossos governantes não entendem, é que Portugal também joga um papel estratégico importante e a energia é um sector vital nesta era. Basta atender, desde logo, à falta de uma política energética comum na UE e como a Rússia beneficia disso, com pesadas consequências para os consumidores europeus. A energia é um dos sectores mais importantes e, ao mesmo tempo, mais debilitantes do projecto europeu. Mas por cá, isso não é entendido.
E, nesta lógica europeia, de cada Estado por si, Portugal, quando devia saber lidar com o Brasil, outro dos interessados na aquisição da EDP, o nosso País acabou por desbaratar uma das alavancas do projecto lusófono.
É certo que a oferta brasileira não era tão boa como a chinesa, mas devia comportar um leque de negócios noutros domínios e que, provavelmente, Brasília poderia ver com bons olhos, até porque há domínios em que o Brasil carece de investimento e as empresas portuguesas podiam/podem desempenhar um papel importante.
Talvez Marques Mendes desconheça que o Brasil é outra das potências económicas mundiais, a 6ª actualmente, e com quem temos afinidades ainda mais ancestrais do que temos com a China. Talvez Marques Mendes desconheça a previsão económica de que até ao final desta década o Brasil esteja à frente de todas as potências europeias, o que significa, ultrapassar a França e a Alemanha, e estar nos primeiros lugares mundiais, a par dos EUA e da China.
Infelizmente, para os nossos governantes, o Brasil, como Angola, apenas servem para enviar os nossos professores de português e jovens quadros. E os nossos comentadores do regime acabam por aplaudir o que nos sairá caro.
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