Precisamos de uma nova sabedoria dos limites e uma inteligência para entendê-los como uma oportunidade para levar a cabo uma política em que voltemos a combinar efectividade e democracia. Daniel Innenarity
quinta-feira, 26 de janeiro de 2012
O grande perigo da extrema-direita francesa
Há dias, quando Sarkozy visitou a Guiana francesa, transpirou a notícia de que o actual Presidente francês dá por perdida a sua corrida, dado o quadro actual, de vulnerabilidade da França. Para quem se apresentou em 2007 como o homem que ia transformar a França, a mudança registou-se, sem dúvida, mas no sentido inverso ao prometido. O homem disse que se a França perdesse o triplo A "morria". Ora, a França perdeu, mas não está morto, apesar de andar moribundo.
Agora que faltam três meses para as eleições saem mais sondagens e esta, que apura a confiança que os franceses atribuem a cada candidato para lidar com os diversos desafios sectoriais, atesta como em nenhum dos nove items Sarkozy seja considerado melhor que os seus oponentes. Hollande destaca-se em sete e com grande vantagem numa das áreas mais sensíveis, que o candidato socialista tem destacado: a pobreza e a precariedade. A outra pessoa que se destaca é Marine Le Pen, que bate os seus adversários nos assuntos clássicos da extrema-direita: a imigração e a insegurança.
Se pode haver razões de satisfação pela derrota iminente de Sarkozy, apesar de ser prematuro desconsiderar o líder da UMP, há um factor a considerar e bem perigoso: Marine Le Pen. A candidata da Frente Nacional arrisca-se a passar à segunda volta, perante a fraqueza de Sarkozy.
Todos os candidatos têm feito e vão continuar a fazer do ataque ao Presidente gaulês, com trágicos resultados para apresentar dos seus cinco anos de mandato, uma das armas de campanha. Se esta crítica torna mais frágil a candidatura de Sarkozy, faz, também, um apelo implícito à mudança de parte do eleitorado da UMP, cada vez mais perto da FN, do que propriamente do MoDem, de Bayrou, ainda que este possa ser um dos beneficiados, por parte da direita moderada desiludida com Sarko.
Ora, é aqui que reside o grande problema. Marine Le Pen não corre só para as presidenciais de 2012, o seu projecto é de fundo. E estrear-se numa eleição, ela que substitui o pai pela primeira vez na corrida presidencial, com uma passagem à segunda volta seria ouro sobre azul. Razão pela qual é importante que não se entenda as presidenciais francesas deste ano como a derrota de Sarkozy, pois a direita democrática gaulesa pode estar em causa.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário